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Um abraço verde

Daqui vejo o mundo como um abraço verde e essa sombra é aconchego e proteção. Daqui vejo o balanço de galhos, folhas dançando ao sopro do vento e vagar de pássaros, macaquinhos. Distração, curiosidade. Alívio à alma. Daqui observo as chuvas, o correr de suas águas, seus caminhos, escadas lavadas, terreno outro dia seco agora verdinho vibrante. Vida. Daqui vejo o sol pelas frestas das árvores quando dão um passe especial a um ou outro lado no baile do vento. Deslumbre. Daqui choro quando triste, quando alegre, quando cansada. E rio. De mim, dos outros, da vida e todos os seus devaneios. Instantes. Daqui sonho, faço planos, rascunho cada um deles, escrevo e descrevo meu mundo desejado e aquele do qual me livro. Reconstrução. Daqui observo longe olhando a jornada das formigas e me impactando com a forma da existência delas. Aprendizado. Daqui recebo cura. Ah, quanta cura daqui vivi. Abraços nos dias doloridos - quando houve perda, quando a alma esteve doída, ansiosa, teimosa em errar, em

Democratizar a democracia, um desafio urgente!

Hoje é o Dia Internacional da Democracia. A data foi instituída pela ONU com o objetivo de dar mais visibilidade às necessidades de processos de desenvolvimento baseados no  respeito aos direitos humanos e nas liberdades fundamentais, promovendo democratização dos espaços dos poderes públicos e nas relações da sociedade.  Ao definir a data comemorativa a ONU reafirmou que a “ democracia é um valor universal  baseado na vontade, expressa livremente pelo povo, de determinar o seu próprio sistema político, econômico, social e cultural, bem como na sua plena participação em todos os aspectos da vida.”  Segundo o  Índice da Democracia – que se propõe a avaliar o estado da democracia em 167 países a partir de cinco categorias gerais, a saber: Processo eleitoral e pluralismo Liberdades civis Funcionamento do governo Participação política Cultura política  Ao invés do avanço consistente da democracia, nos últimos anos temos visto por todo o mundo uma crescente de movimentos que andam na contra

A aridez dos dias pode trazer lições capazes de mudar o curso dos nossos dias

Quem vive, conhece ou já esteve no Distrito Federal por essa época do ano sabe o peso de cada dia (e noite). Severidade talvez seja a palavra mais adequada. Sob o sol extenuante e a seca terrível, o ar parece cada vez mais rarefeito. Olhos ardem, lábios racham, alguns narizes sangram com frequência. E somos sempre premiadas com o mistério da vida que salta na aridez desse tempo. Não consigo passar sem perceber alguns desses detalhes que, para mim, são ensinamentos muito claramente sendo postos ante os nossos olhos. Há vida que não sucumbe ao desfavor. Há vida que rasga a terra e floresce justamente daquela terra mais seca e no tempo mais adverso. Há vida que não se contém sob solo rochoso quando seu tempo chega. "Alma cansada, não desespera, espera". Mas, é preciso, talvez, discernir as esperas. Aquela de aquietar, aguardar os tempos em silêncio, simplesmente sob a expectação de que o compasso da História, das histórias se cumpram.  Ou aquela de manter-se em equil

Deus está morto

Esse deus celebrado acima de todos é mentira. Ele não existe. E se ele existe, então ele é mentiroso e não deve ser celebrado ou cultuado. Afinal, foi ele quem disse: O MEU REINO ESTÁ DENTRO DE VOCÊS. A MINHA DINVINDADE SE DÁ NO ENCONTRO DE VOCÊS.  Esse deus grandioso, posto em trono e autoridade suprema que esmaga e faz morrer quem não se submete a ele; que aciona os nossos monstros interiores e explode em ódio, devastação e promoção à morte é UMA MENTIRA. Ou seja, esse DEUS NÃO EXISTE e a palavra a ele atribuída é vazia.  Um deus que não gera consciência e conexão profunda entre os viventes e interdependência e, portanto, necessidade básica de cuidado (auto e mútuo cuidado), traduzindo-se em chorar com os que choram, alegrar-se com os que se alegram, partilhar como premissa existencial e profundo compromisso por se desenvolver naquilo contra o que não há lei - amor, compaixão, fraternidade e seus frutos - então, deus não está em você porque ele não existe. Simplesmente po

Mulheres na Politica e o Código Eleitoral

Nas próximas semanas virá à baila o código eleitoral 2022 e, claro, deveria ser surpresa mas não é. Mil desenhos mirabolantes para supressão de ações de fomento à participação de mulheres no processo eleitoral, a pretexto de que são - nos lábios de muitos - facilitadores de alianças. A questão de fundo é que o Brasil tem a péssima mania de não aprender com os bons exemplos. E em um país de cultura machista, sexista e violenta como o nosso, mulher na política não é (e não pode ser) discurso e palavra de ordem. É, e necessariamente será, fruto e resultado de promoção à ascensão feminina nos espaços de decisões partidárias. Para tanto é preciso promover, com o máximo de antecedência possível: preparo. Em paralelo é preciso criar espaços de visibilidade às lideranças femininas. E o investimento financeiro sério, contínuo e consistente não pode ser arranjo. Mas compromisso de primeira ordem. E aí, quando vier a disputa eleitoral, é preciso colocar recursos nas campanhas feminina

Partidos e a prática de transparência

Compromisso radical com a transparência deveria ser pacto básico de existência de todos os partidos. Não é. E isso é lastimável. Os partidos tem papel fundamental na organização do sistema político, na construção e defesa das nossas bases democráticas.  Para além, portanto, do óbvio já aí posto, há recursos públicos financiando os partidos direta e indiretamente. Ou seja, TODOS os mesmos princípios postos a todas as outras ações feitas com recursos públicos PRECISAM ser aplicadas aos partidos. E quando os partidos não possuem cultura ativa de transparência é preciso que nós, sociedade, coloquemos lupa sobre o processo de gestão de cada centavo repassado aos partidos. A pensar: Se um partido é incapaz de ser transparente com o recurso que recebe para seu funcionamento, será mesmo capaz de praticar e defender transparência uma vez estando nos espaços de poder, nas instituições públicas? Se um partido não aplica os princípios da Legalidade, Impessoalidade, Moralidade Administr

Partidos Políticos: uma outra lógica é possível

A nada saudável lógica de agentes políticos se servindo das estruturas partidárias. Observando noticiário local sobre idas e vindas em alguns partidos vem aquele aperto e tristeza. As escolhas e decisões sobre lugares e construção política, lamentavelmente não se pautam em causa, conexão e alinhamento com o ideal político-partidário, mas tão somente considerando algumas premissas: 1) Quanto um outro partido abre na sua estrutura diretiva para que pessoa a ou b seja a dona da estrutura. Assim mesmo, dona. Literalmente. 2) Cálculo eleitoral pragmático de vantagem direta e objetiva a pessoa a ou b. 3) Garantia financeira exclusiva ou quase a pessoa a ou b. Vejam, depois de 8 anos de vivência e construção partidária já perdi ALGUMAS inocências e aprendi algumas coisas. Então, o cálculo eleitoral precisa sim fazer parte da decisão.  Por exemplo, em tese, você não é um grande nome da política, não nada em dinheiro, não é grande representante de classe ou apadrinhado de alguém &qu