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Mostrando postagens de maio, 2020

EU NÃO ACREDITO NA ORAÇÃO

Eu não acredito na oração cuja expressão vocal não seja precedida e sucedida de consistente disposição de ser a expressão vocalizada. Por que? A palavra sobre caos iniciou um processo que criou o jardim, um coeso sistema de vida. E a palavra foi-nos dada para continuarmos manifestando aqui, agora e sempre, o poder criativo e criador da fonte de todas as coisas e seres. Mas, a palavra só é ato se envolta no Espírito - o sopro da vida, portanto, sendo dinâmica e dialogal com a existência, demandas, carências, potenciais da existência. Toda ela. A palavra dissociada do Espírito é verbo acusatório, desagregador, perverso juiz, arma com fim único o assassinato - de sonhos, de esperanças, da existência. Por isso, todas essas orações agora convocadas por Apóstolos, Bispos, Pastores e um sem número de gentes outras, pelo Brasil e para que o Brasil “seja do Senhor Jesus Cristo”, para mim são apenas palavras soltas, vazias, hipocrisia em sua mais dolorida e mal cheirosa demonstr

À procura de líderes?

O mundo das receitas é um tanto detestável. Mas, mesmo quando as desprezamos, no fundo, talvez em igual medida, às desejamos. Tem sido meio irritante (a mim, ao menos) o tal novo normal repetido aos quatro cantos, que tem por pano de fundo apenas a reconstrução de todos os parâmetros a que estamos acostumados e que nos devoram e  nos tiraram o sentido de existir. Ainda assim, nós não conseguimos desapegar disso. Gosto de ler publicações de negócios, gestão especialmente. Isso desde quando eu tinha o meu "nano negócio". Era a partir delas que buscava novidades e inspiração, e também visões comportamentais, experiências, jornadas. Quase sempre são publicações repletas de doses vendidas como inspiracionais , mas que no fundo são receituários. Aprendi isso faz tempo. Então, quando me deparo com elas tento extrair valor para o meu mundo e aí, há um tema recorrente e que me interessa: liderança. Temos mergulhado fundo num vácuo terrível de lideranças. Faz tempo. Em dado

Cadê a nossa humanidade?

A vida já não temos coragem de celebrar porque as algazarras à morte nos calam, paralisam, adoecem, sepultam com respiração ofegante mas ainda presente aqui no peito que não suporta tanta idiotização. Ledo engano. A tristeza que nos abate com o deboche ao registro de mais de 10 mil mortos no nosso país m, em decorrência do #COVID19 é daquelas coisas que petrificam, que colocam o coração em pânico, que só trazem as piores perspectivas sobre o que está por vir. Quando perdemos a nossa humanidade? O que nos trouxe a momento de descaracterização humana tão profundo? Será que ainda tem possibilidade de resgate a nós, "humanos"? Ou mergulharemos ainda mais fundo no culto ao horror, na celebração à morte? Um dia em que já se faz triste por não podermos estar em família, lado a lado, celebrando; em que há milhares de lares em luto, ainda temos que lidar com esse fetiche mórbido que parece ser a nova vedete brasileira. E a tragédia maior já nem são as vidas que se f

Apenas palavras. E o sentido?

Nós, evangélicos, chamamos a Bíblia de a Palavra. Então, aqui estou procurando na Palavra alguma palavra que ainda me faça sentido. Há muito novas palavras não me visitam. Permaneço em busca de ressignificar as tantas que há tanto tempo me acompanham, as que me habitam, as que me vestem, as que me escondem, as que me alimentam, as que me tiram o fôlego, aquelas que vem fazem chorar e também aquelas que aquecem minha alma, me dão riso e festa. Há em mim, ou em volta de mim, palavras em silêncio que não entendo, que não consigo decifrar, cujas combinações de letras não me fazem sentido. E elas me rasgam, me sangram. As vezes me provocam.  Há aqui, dentro de mim também, ou a me assediar continuamente, palavras exaltadas, de vozes alteradas, gritos muitas vezes vazios. Noutras são anseios profundos de existir. As palavras são luzes na minha jornada. Mas preciso confessar que também, às vezes, confundem meu caminho e escurecem meus dias porque pesam. Um dia li o Cristo dizendo q

Em estado terminal. E ainda guiados pelo ódio.

E lá vamos nós em mais uma semana como prisioneiros do Bolsonaro Genocida. Do sossego impossível para tempos como estes, a alguma paz mínima desejada para buscarmos discernimento sobre o que ou não fazer, só nos resta reação. Outra vez. Verborragia inócua. Desespero. O Estado continua em compasso de lentidão. O vírus em corrida acelerada sob o tangedouro do irresponsável líder da nação. A bancarrota econômica performa seus males sem pudor. Por que tê-los agora? Os miseráveis açoitados pela fome. Os cegos dançando na ladeira. À beira do precipício. As cordas que amarram as instituições em um pacto de funcionamento republicano estão roídas e seus fiapos dão sinais absurdamente claros de ruptura a qualquer momento. Silêncio, inércia, escuridão. Mas o Presidente genocida prossegue sua marcha violenta. É um custo emocional, sem precedentes, acreditar que nada se possa fazer. É uma angústia profunda continuar pensando que não conseguimos comunicação e só nos reste mesmo a polariz