O mundo das receitas é um tanto detestável. Mas, mesmo quando as desprezamos, no fundo, talvez em igual medida, às desejamos.
Tem sido meio irritante (a mim, ao menos) o tal novo normal repetido aos quatro cantos, que tem por pano de fundo apenas a reconstrução de todos os parâmetros a que estamos acostumados e que nos devoram e nos tiraram o sentido de existir. Ainda assim, nós não conseguimos desapegar disso.
Gosto de ler publicações de negócios, gestão especialmente. Isso desde quando eu tinha o meu "nano negócio". Era a partir delas que buscava novidades e inspiração, e também visões comportamentais, experiências, jornadas.
Quase sempre são publicações repletas de doses vendidas como inspiracionais , mas que no fundo são receituários. Aprendi isso faz tempo. Então, quando me deparo com elas tento extrair valor para o meu mundo e aí, há um tema recorrente e que me interessa: liderança.
Temos mergulhado fundo num vácuo terrível de lideranças. Faz tempo.
Em dado momento queremos líderes que nos guiem por inteiro, de modo a nos tirar a reflexão, escolhas autônomas, capacidade de dizer não. E tudo bem. É o que parece. Está tudo tão pesado que terceirizar as nossas responsabilidades não parece tão mal assim.
Inanição pessoal é a consequência imediata. Ainda que preservemos, quase sempre, nossas capacidades intelectuais e continuemos a exibir nossos conhecimentos, nossa inteligência, nossa autoridade. Mantemos certo conforto mental e nos basta. A inquietação da alma é demasiado cansativa.
Noutro momento queremos (ou será, precisamos) de líderes que nos inspirem e só? Porque assumem essa condição através do exemplo.
Penso que esta é uma liderança mais árdua. Ela exige atributos muito específicos e uma disposição real bem consistente, por parte da liderança, para descobrir-se e se aceitar na posição de luz para que outros pés, não necessariamente os seus, façam a jornada com menos percausos possíveis. E sem qual pacto se reconhecimento de que sem luz o caminho é mais tortuoso, mais perigoso, de percurso mais longo. Por outro lado, exige do liderado o exercício da autonomia, as dores da experimentação, as responsabilidades das próprias escolhas.
São caminhos sinuosos. Talvez por isso os gurus façam tanto sucesso com suas receitas. Muitas não experimentadas por eles. Mas, quem se importa?
Foi numa dessas leituras recentes que me deparei com uma listinha, que num conjunto pode virar receita sem por detalhes que orientem com exatidão as medidas e vira frustração só de ver. Ou pode ser uma vela sob o ataque dos ventos da nossa demanda pelo imediato, mas que insiste manter-se acesa a nos convidar a algumas reflexões sobre a liderança que temos exercido e a liderança que temos desejado.
Trago o recorte da publicação sobre a liderança "desejada ao CEO do novo normal", muito mais refletindo sobre se isso pode nos apontar algumas habilidades que podem nos fazer bem, se as desenvolvermos pensando no processo que vivenciaremos enquanto colocamos os pés à jornada:
1. Humildade intelectual
2. Obsessão pelo cliente
3. Inovação baseada em problema
4. Cultura de experimentação
5. Mentalidade de empreendedor
6. Visão holística
7. Tecnologia como meio
8. Novos modelos de negócios
9. Transformação e adesão digital
10. Times ágeis
11. Multidisciplinaridade
12. Comunidade
Tenho muita clareza do que faz mais sentido para mim e de como posso adaptar o linguajar do business para outra vida e os vários mundos da minha vida.
Isso faz algum sentido para você?
Consegue transpor isso para a sua realidade?
Em que medida há disposição para uma outra liderança exercida e desejada?
Tomara lhe seja útil.
_______
A listinha copiei da Hardard Business Review Brasil
Comentários
Postar um comentário