O triste é que quem toca a música das grandes marchas (essa, aquela e aquela outra) o fazem por nada mais que "agora eu quero a caneta do poder" e só.
E vamos, saltitantes, todos marchantes a caminho do estádio para só mais um FLA x FLU de cartas marcadas pelo sangue dos corpos que caem nas favelas, especialmente do menino preto e, daquele índio, sem noves fora no balanço do campo; pelo suor que tempera no rosto e no coração do trabalhador, o desencanto; e vão, os nossos uivos apressados, sem reflexão, abafando o grito de mais uma mulher que cai, e da outra menina que vai perder a inocência, vendida; e vamos, marchantes na ignorância que cega, rouba, decepa o empoderamento e degola o cidadão e o joga ao canto, ao chão.
E a onda vai, vai e quebra nos muros da nossa disputa de verde e amarelo e vermelho e nada mais.
Um jogo de um time só e a estrábica platéia vê dois, mas é só um. Só.
Bandeiras de uma guerra que não existe.
Punhos fechados.
Gritos.
Panelas.
Histórias.
Um lastro de lama que envenena a memória.
E o Brasil geme, treme, se espreme, encolhe. Recolhe-se em seus trapos, farrapos de dignidade.
Soberania ao povo que faz o Brasil que não é aquele de cenário de estádio em um jogo de mesmo time que insufla as marchas fingindo, enquanto gargalha na cuxia, as diferenças públicas que no privado não existem.
Soberania ao povo para escrever seu destino.
Soberania ao povo para descobrir o que é cidadania.
Eu só desejo força e esperança para cultivar e colher o exercício cotidiano da marcha da cidadania, nossa real soberania.
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