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Mostrando postagens de fevereiro, 2022

O tempero da vida são os afetos

Gosto de cozinhar. Não sou lá uma especialista. Estou longe de fazer as mesas que a minha irmã mais velha faz. Mas gosto de cozinhar. De ficar horas procurando algo na internet uma receita nova para daí fazer (quase sempre) do meu jeito e servir às pessoas que amo. Fazendo uma comidinha para quem amo e quando me dou algo especial é como se fosse um momento de conexão especial. Na verdade é isso. Fazia um bom tempo que eu não me permitia cozinhar com afeto. Talvez a última vez tenha sido o que levei pro reveillon na viinhança. Embora numa correria terrível, caprichei todo o possível. E 2022 chegou como uma tromba d'água assustadora e violenta, levando tudo pela frente, sem respeitar justificativas ou o que mais fosse. E lá se vão quase 45 dias passados e hoje me dei conta que ainda não havia me colocado a fazer do ato cozinhar uma experiência, como gosto.  E olha, não falo de pratos chiques não. Nem sei fazê-los. Como disse, nem sei colocar uma mesa direito. Falo de cuidar dos alime

Os olhos são as janelas do corpo (ou da alma)

Diz a sabedoria: "Os olhos são as janelas do corpo. Se vocês abrirem bem os olhos, com admiração e fé, seu corpo se encherá de luz. Se viverem com olhos cheios de cobiça e desconfiança, seu corpo será um celeiro cheio de grãos mofados. Se fecharem as cortinas dessas janelas, sua vida será uma escuridão." Eu adaptaria para os olhos são as janelas da alma. Por mais óbvio seja, parece que recorrentemente é necessário dizer o quanto nós julgamos as pessoas por aquilo que somos capazes de fazer. E quase sempre isso dista, anos luz, do que elas realmente estão fazendo ou considerando fazer. Então, em um processo de rupturas, por exemplo, se nós somos do tipo agressivo e violento que atua para enxotar as pessoas dos espaços e fazer os mais ardilosos arranjos de modo nos garantirmos em estruturas de micro-poder, é assim que lemos as outras pessoas e começamos a desenvolver pensamentos e medidas conspiratórias em lugares que somente nós encontramos os males imaginados. E e

Narrativas. Vida. Caos. Desesperança.

  Quando eu era pastora repetia com muita frequência, aos membros da igreja, sobre a necessidade de submeterem o que ouviam de mim ao crivo do Evangelho, aprendi isso com o bispo Douglas e com o Paulo, o apóstolo rabugento (e por vezes preconceituoso), mas também zeloso com a missão cristã assumida. Outra coisa que eu repetia era que as pessoas só conseguiriam se desenvolver se exercitassem a capacidade de pensar. Nunca acreditei num Deus que aprecia obediência cega, seres incapazes de fazer perguntas. E cada vez mais falo a Deus que se ele não conseguir se relacionar com as minhas dúvidas, meus questionamentos, as tensões do meus dilemas e mesmo cada um dos incontáveis momentos em que duvido até dele, então ele não é Deus. Será apenas um pequeno fantasma das minhas invencionices mentais, portanto, irreal. E por que isso aqui da gaveta das minhas convicções e incertezas? Assim? A nossa História é basicamente um amontoado de narrativas. Ora elas nos embalam na noite escura e fria. Ora n