Quem vive, conhece ou já esteve no Distrito Federal por essa época do ano sabe o peso de cada dia (e noite).
Severidade talvez seja a palavra mais adequada.
Sob o sol extenuante e a seca terrível, o ar parece cada vez mais rarefeito.
Olhos ardem, lábios racham, alguns narizes sangram com frequência.
E somos sempre premiadas com o mistério da vida que salta na aridez desse tempo.
Não consigo passar sem perceber alguns desses detalhes que, para mim, são ensinamentos muito claramente sendo postos ante os nossos olhos.
Há vida que não sucumbe ao desfavor.
Há vida que rasga a terra e floresce justamente daquela terra mais seca e no tempo mais adverso.
Há vida que não se contém sob solo rochoso quando seu tempo chega.
"Alma cansada, não desespera, espera".
Mas, é preciso, talvez, discernir as esperas.
Aquela de aquietar, aguardar os tempos em silêncio, simplesmente sob a expectação de que o compasso da História, das histórias se cumpram.
Ou aquela de manter-se em equilíbrio, em silêncio trabalhando, cuidando do ciclo dos tempos, até que o florescer se dê.
Importante, provavelmente, é não se lançar à consumação dos ímpetos e precipitações que consomem energia, perturbam mentes, empurram pés a precipícios tortuosos, devoram sonhos e compromissos do bem comum.
O que você se dedicar a aprender com a aridez do seu tempo pode mudar o curso dos seus dias.
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