Pular para o conteúdo principal

Deus está morto

Esse deus celebrado acima de todos é mentira. Ele não existe. E se ele existe, então ele é mentiroso e não deve ser celebrado ou cultuado. Afinal, foi ele quem disse:

O MEU REINO ESTÁ DENTRO DE VOCÊS.
A MINHA DINVINDADE SE DÁ NO ENCONTRO DE VOCÊS. 

Esse deus grandioso, posto em trono e autoridade suprema que esmaga e faz morrer quem não se submete a ele; que aciona os nossos monstros interiores e explode em ódio, devastação e promoção à morte é UMA MENTIRA. Ou seja, esse DEUS NÃO EXISTE e a palavra a ele atribuída é vazia. 

Um deus que não gera consciência e conexão profunda entre os viventes e interdependência e, portanto, necessidade básica de cuidado (auto e mútuo cuidado), traduzindo-se em chorar com os que choram, alegrar-se com os que se alegram, partilhar como premissa existencial e profundo compromisso por se desenvolver naquilo contra o que não há lei - amor, compaixão, fraternidade e seus frutos - então, deus não está em você porque ele não existe. Simplesmente porque deus não existe num Olimpo ou num céu distante.

Deus só existe se for dentro de nós e no encontro dos viventes. Assim, quando abraçamos deus existe ali; quando sorrimos deus existe ali; quando choramos deus existe ali; quando praticamos o bem deus existe ali.

Se a promoção da justiça entre os viventes é o nosso norte de escolhas cotidiana, deus existe ali.

Deus só existe dentro de nós e extrapola desse interior profundo quando nos encontramos. Essa fusão de vidas o traz para o reino material e o faz percebido nos nossos atos. É assim que eternizamos com a eternidade dele em nós. 

Quando nos apartamos matamos deus. E ele segue morto na nossa maldade e ódio porque ele é amor. É a sua essência básica e fora disso não há deus.

Deus está morto se não há amor.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Democracia e representatividade: por que a anistia aos partidos políticos é um retrocesso

Tramita a passos largos na Câmara dos Deputados, e só não foi provado hoje (2/maio) porque teve pedido de vistas, a PEC que prevê anistia aos partidos políticos por propaganda abusiva e irregularidades na distribuição do fundo eleitoral para mulheres e negros. E na ânsia pelo perdão do não cumprimento da lei, abraçam-se direita e esquerda, conservadores e progressistas. No Brasil, ainda que mulheres sejam mais que 52% da população, a sub-representação feminina na política institucional é a regra. São apenas 77 deputadas entre os 513 parlamentares (cerca de 15%). E no Senado, as mulheres ocupam apenas 13 das 81 cadeiras, correspondendo a 16% de representação. Levantamentos realizados pela Gênero e Número dão conta que apenas 12,6% das cadeiras nos executivos estaduais são ocupadas por mulheres. E nas assembleias legislativas e distrital esse percentual é de 16,4%. Quando avançamos para o recorte de raça, embora tenhamos percentual de eleitos um pouco mais elevado no nível federal, a ime...

Narrativas. Vida. Caos. Desesperança.

  Quando eu era pastora repetia com muita frequência, aos membros da igreja, sobre a necessidade de submeterem o que ouviam de mim ao crivo do Evangelho, aprendi isso com o bispo Douglas e com o Paulo, o apóstolo rabugento (e por vezes preconceituoso), mas também zeloso com a missão cristã assumida. Outra coisa que eu repetia era que as pessoas só conseguiriam se desenvolver se exercitassem a capacidade de pensar. Nunca acreditei num Deus que aprecia obediência cega, seres incapazes de fazer perguntas. E cada vez mais falo a Deus que se ele não conseguir se relacionar com as minhas dúvidas, meus questionamentos, as tensões do meus dilemas e mesmo cada um dos incontáveis momentos em que duvido até dele, então ele não é Deus. Será apenas um pequeno fantasma das minhas invencionices mentais, portanto, irreal. E por que isso aqui da gaveta das minhas convicções e incertezas? Assim? A nossa História é basicamente um amontoado de narrativas. Ora elas nos embalam na noite escura e fria. O...

Reforma?

Daqui 11 dias celebraremos 505 anos da reforma protestante.  Naquele 31 de outubro de 1517 dava-se início ao movimento reformista, que dentre seus legados está a separação de Estado e Igreja. É legado da reforma também o ensino sobre o sacerdócio de todos os santos, na busca por resgatar alguns princípios basilares da fé cristã, que se tinham perdido na promíscua relação do poder religioso com o poder político. E, co mo basicamente todo movimento humano de ruptura, a reforma tem muitas motivações e violência de natureza variada. No fim, sim, a reforma tem sido muito positiva social, política, economicamente e nos conferiu uma necessária liberdade de culto.  Mas, nós cristãos protestantes/evangélicos, teremos o que celebrar dia 31?  Restará em nossas memórias algum registro dos legados da reforma? Quando a igreja coloca de lado seu papel de comunidade de fé, que acolhe e cura pessoas e passa a disputar o poder temporal, misturar-se à autoridade institucional da política, e...