Desde muito jovem atuo em frentes de assistência social. Já lidei com mil dores. Minhas e de outras pessoas. Nunca, porém, desenvolvi ações ou ajudei em hospitais. É uma realidade muito distante das minhas capacidades. É como me vejo. Não sei o que fazer ou dizer, em hospitais. Isso é profundamente, estranho. Já são sete dias de internação da minha mãe. Ela está bem. Apesar de todos os desconfortos naturais desse processo e suas condições. Está recebendo atenção médica qualif icada, sendo acompanhada e aguardando cirurgia - que foi adiada para quinta-feira (14). Hoje a noite começou agitada. No quarto ao lado, um senhor que não para de vomitar. Parece que suas tripas vão sair pela boca, tamanho esforço que faz e desespero que exprime no gemido. Noutro canto um paciente está tão agitado que a equipe foi acionada para contê-lo. Em outro quarto, um outro paciente chora desesperadamente. Um choro de profunda dor. Nada posso fazer. É um estado de impotência estranho, desconcertante....