Cuidado.
Diz muito de você, como você julga o outro. Diz, quase sempre, sobre as suas motivações mais secretas, sobre as intenções do seu coração, sobre a sua energia reativa, sobre a sua disposição espiritual.
São chamados inocentes e tolos os que costumam acreditar nas boas intenções, na transformação, na motivação para o bem, nas coisas contra as quais não há lei.
São tomados por sagazes e fortes os que estão sempre à espreita, dos discursos inflamados, dos pensamentos elaborados, das articulações pessoais de incontáveis tentáculos, todas marcas positivas que pelo sentimento dúbio de fazer manipulação, se tornam malignas.
Prefiro os inocentes, crédulos.
Nada ganha a minha alma na companhia dos ardilosos, de coração sempre conjecturando a reação melhor acabada, de extensão tamanha que impede ao outro seguir.
Nada me acrescenta o campo da disputas, a violência simbólica, a virulência do olhar, da ação, da palavra, da confusão.
Talvez, ao final dos meus dias eu repouse meus pensamentos - dos que restarem no caminho imediato após o último passo - em arrependimentos sombrios ou melancólicos, daqueles que preferem acreditar.
Mas, vou preferindo semear os meus dias em serviço, o mais conectado possível ao que acredito, que o humano ainda pode ser belo, que doar-se é mais poderoso, que a eternidade - mistério mais profundo e inconscientemente alimentado por nós - se dá no compartilhar, que a abnegação nos faz melhores, que a outra face é a autoridade mais consistente que pode existir, que o fracasso não é de todo condenável, que há contentamento na simplicidade.
E o meu desejo é um coração habitado por generosidade, longanimidade, benignidade, esperança e amor, para assim enxergar o outro, até que ele seja próximo.
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