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Janelas, vidros manchados, visões e responsabilidades

Pouco antes de entrar na Live com o amigo @danilo_fjranca (aliás, obrigada, muita honra esse diálogo), estava aqui pensando um pouco sobre as nossas construções, as nossas janelas. Sim, janelas e seus vidros, através dos quais olhamos os mundos diante de nós. Ali à frente tenho uma bela mata, Cerrado nativo, um presente. E serra ao fundo. Trabalho vendo e ouvindo a dança das folhas, algumas vezes canto dos pássaros (e das galinhas da vizinhança) e até, raramente, o saltitar de macaquinhos. Isso é uma baita privilégio. Não obstante, a depender do que procuro através da janela, posso ter pequenos desvios de perspectiva. Os vidros carregam marcas e manchas das chuvas, da poeira e mesmo do tempo. Às vezes, uma pequenina marca ou mancha, desprezível à primeira vista, pode distorcer o olhar e a perspectiva e, portanto, interferir nas decisões e seus processos com grande margem de indução a erros. Manter as janelas limpas, transparentes em plenitude faz bem à matéria, aqui à frent

A vida tem dessas coisas

A gente deixa algo de lado por um tempo e depois acha que basta repor a tinta e tudo estará como antes, funcionando adequadamente, produzindo cores, dando forma e ação às palavras postas na tela, aos panoramas mentais, agora transcritos. Então, a gente vai lá. Conecta cabos, instala equipamentos, faz testes de scanner, compra novos cartuchos, faz limpeza superficial, envia impressão teste. Não funciona. Falta a limpeza de bicos, os cabeçotes. Falta calibrar as engrenagens não percebidas à vista superficial e mesmo amadora, ainda que dedicada. Vão-se horas, como o meu processo pessoal, neste momento. Toda uma manhã. Por aqui tudo bem. É apenas um equipamento que estava parado, que me pode ser útil para execução de tarefas, que pode esperar uma manutenção. E o mais desagradável que ocorrerá é o veredito de que a limpeza de cabeçotes sairá mais onerosa que comprar novo equipamento. Decisão de compra não essencial. O real e doloroso mesmo é quando nos atrevem

Sobre dissonâncias. Sobre silêncios. Sobre liderança

A expressão vozes dissonantes nem sempre faz referência a oposição.  Mesmo a mais harmoniosa música recebe, em certo grau, alguma dissonância e é daí que surge o campo da arte da composição sonora de diferentes tons que se fazem uno, em arranjos que beiram a perfeição. Dos valores maos prestigiados para o desenvolvimento de equipes vencedoras, inovadoras,  potentes e capazes de superar múltiplos obstáculos, está a pluralidade de vozes e tons. Mas esta não é cultura fácil de se construir. Nem mesmo quando há líderes que começam suas jornadas  se colocando a este desafio. Estes, também, logo se veem frente ao esforço da composição e são muito facilmente pajeados no caminho da conformação das palavras que são mais agradáveis porque práticas e em tons que não vibram diferente e, portanto, não incomodam e não chamam atenção. Tudo isso, nada mais é que a velha tática do silenciamento. Colocar-se em silêncio é necessário e saudável, quando escolha de respeito ou demanda de introspecção ao ape

O que os nossos veem à noite?

Não faz tanto tempo assim uma #hastag me chamou atenção.  #umabelezapordia  Coisas simples. Delicadeza. Vida. Nosso existir é breve e não não saber as formas e o quanto vai durar é assustador. Mas pode ser um fator de mobilização a que sejamos o melhor que pudermos ser, a que nos façamos inteiros em tudo a que nos dermos. Gente metade é estranha. Plástica. Portanto, descarte altamente poluidor. Morte. Gente inteira é matéria orgânica. Gera outra vida no que se dá. Ser inteira tem muito a ver com o que somos capazes de ver à noite. Não é terrível para sempre, ter medo da noite. Muitas vezes ela é de fato assombrosa. Problema, talvez, é mergulhar no medo, tão profundamente, e não sermos mais capazes de perceber uma beleza por dia, às vezes trazida pela noite.  Aquela luz potente,  distante e tão aqui, dentro do nosso peito, desejando manifestar-se guia, mas pede olhos disponíveis a ver além das trevas. Ainda não era 21h quando fiz essa foto. A bem da verdade estou até agora e

Escuta é conexão

Sempre fui observadora. Talvez isso me tenha dado boa audição que, tenho percebido nos últimos tempos não tão boa assim. Vezes a perco, depois recupero. E vamos assim, ciclicamente. Na escola eu ficava muito irritada com os colegas e seus recorrentes pedidos para que professoras e professores repetissem palavras e frases dos ditados. Não sei como, mas cedo desenvolvi uma técnica: primeiro escutar com muita atenção, a palavra e mesmo frases, e só depois escrever. Em muitas ocasiões eu perdia uma palavra e só lá na frente a recuperava. Raramente eu pedia repetição. Alguém dirá: todos fazemos assim. Não. Não todos. Aliás, bem poucos. A regra geral é a pessoa esboçar a fala e já querermos terminar o todo da sua expressão. Especialmente se há demanda de relógio, a que atribuímos tempo. Como nos ditados da escola, que normalmente vinham com um "benefício" para quem terminasse primeiro e errasse menos. O resultado efetivo sempre foi que os apressados erravam mais, d

A saída?

O que queremos? Uma saída.  Mas, e quando ela parece ser a interiorização. Olhar para dentro. Reclusão interna? Já estamos reclusos, diriam alguns. Será? Quanto de todo esse tempo em que estamos confinados ou necessitando estar, nos impusemos parar, de verdade, aquietar, colocar em passo de espera a mente e exercitar a escuta silenciosa? Falamos de (re) conexão, mas um ato para fora, como se de um ente externo a nós em toque a outro. E ficamos assim, no esbarrão - apenas - porque conexão prescinde entrega e entrega é passo de renúncias multilaterais, é encontro de almas ou pelo menos semelhanças de anseios, projetos, visões. Chegar até aqui não é uma corrida, seja qual for o seu aqui. E isso não é jargão. É demanda universal de nos pensarmos em um momento ímpar do século, provavelmente. Isso significa que não podemos considerar aceitável sermos as mesmas pessoas que aquelas de antes de o mundo ser tomado por esse tormento.  Ficaremos a ermo se não buscarmos essa conexão int

O tempo. A pressa

Somos uma comunidade, percebamo-nos assim ou não. Nela temos propósitos comuns, necessariamente. Temos responsabilidades pelas quais respondemos no contexto da missão de existir enquanto comunidade servidora à população do Distrito Federal na Câmara Legislativa. As demandas da população nos impõem rigor técnico e olhar apurado às ações, a política nos exige muito e disciplinado trabalho, o sentido da missão na qual servimos nos exige humanidade. E para que não adoeçamos, às vezes querendo atender a 'tudo isso no mesmo tempo tudo agora do segundo que passa num piscar', a gente precisa fundamentalmente aprender sobre os mistérios do equilíbrio.  Mistério. Tudo aquilo "cuja causa é oculta, desconhecida, incompreensível, inexplicável; enigma."  O tempo às vezes é impetuoso e cruel. Apressado, se faz cego, ansioso, autoritário e nem vê sua imprecisão. A gente às vezes se faz como o tempo. Até que ele passa e deixa marcas na jornada, que em algum momento as encontraremos ju