A expressão vozes dissonantes nem sempre faz referência a oposição. Mesmo a mais harmoniosa música recebe, em certo grau, alguma dissonância e é daí que surge o campo da arte da composição sonora de diferentes tons que se fazem uno, em arranjos que beiram a perfeição.
Dos valores maos prestigiados para o desenvolvimento de equipes vencedoras, inovadoras, potentes e capazes de superar múltiplos obstáculos, está a pluralidade de vozes e tons. Mas esta não é cultura fácil de se construir. Nem mesmo quando há líderes que começam suas jornadas se colocando a este desafio. Estes, também, logo se veem frente ao esforço da composição e são muito facilmente pajeados no caminho da conformação das palavras que são mais agradáveis porque práticas e em tons que não vibram diferente e, portanto, não incomodam e não chamam atenção.
Tudo isso, nada mais é que a velha tática do silenciamento.
Colocar-se em silêncio é necessário e saudável, quando escolha de respeito ou demanda de introspecção ao aperfeiçoamento pessoal e para o bem coletivo. E se não for isso, obviamente, fruto de imposição e constrangimento.
Por um tempo, o silêncio, é uma demanda de almas e às vezes, até de coisas. Prologando-se, pode ser significativamente prejudicial aos processos coletivos e à transformação e melhoramento das lideranças.
Se precisamos de cuidado como os ambientes ruidosos porque podem provocar prejuízos e desequilíbrios.
Precisamos de cuidado com os ambientes, cujo reino é dos bajuladores.
Precisamos também de muita atenção e cuidado quando as pequenas dissonâncias desaparecem e tão lugar ao silêncio da divergência ou mesmo da mais singela ideia diferente, das pequenas perturbações.
Será mesmo que o silêncio é sinal de termos alcançado um estágio pleno harmonioso, em que as dissonâncias se fizeram imperceptíveis, naturais e saudáveis, parte do show? Ou é só mais um caso, comum e nefasto, de silenciamento porque incomoda ouvir outra voz que não a minha? E se essa voz estiver chamando atenção para a demanda de reagrupar discurso e prática? É, pode ser um zumbido.
Um exercício muito importante a quem se admite líder, de qualquer natureza é olhar ao redor, perceber sua orquestra, banda, time: consegue ouvi-los? O que você escuta?
Só a própria voz?
Por que a voz do outro incomoda?
Cuidado.
Pense sobre isso.
Comentários
Postar um comentário