Pouco antes de entrar na Live com o amigo @danilo_fjranca (aliás, obrigada, muita honra esse diálogo), estava aqui pensando um pouco sobre as nossas construções, as nossas janelas.
Sim, janelas e seus vidros, através dos quais olhamos os mundos diante de nós.
Ali à frente tenho uma bela mata, Cerrado nativo, um presente. E serra ao fundo. Trabalho vendo e ouvindo a dança das folhas, algumas vezes canto dos pássaros (e das galinhas da vizinhança) e até, raramente, o saltitar de macaquinhos.
Isso é uma baita privilégio.
Não obstante, a depender do que procuro através da janela, posso ter pequenos desvios de perspectiva. Os vidros carregam marcas e manchas das chuvas, da poeira e mesmo do tempo.
Às vezes, uma pequenina marca ou mancha, desprezível à primeira vista, pode distorcer o olhar e a perspectiva e, portanto, interferir nas decisões e seus processos com grande margem de indução a erros.
Manter as janelas limpas, transparentes em plenitude faz bem à matéria, aqui à frente, e ao olhar humano que necessariamente precisamos colocar sobre o nosso fazer cotidiano. Mas dá trabalho. Então, é uma escolha. E somos responsáveis por todas as nossas escolhas. É muito importante não esquecermos disso.
Quanto mais privilégios, mais responsabilidades temos com as nossas escolhas, com as pessoas e até mesmo as coisas diante de nós e a vida sempre vai nos cobrar, em algum momento, a responsabilidade dessas escolhas.
Precisamos aprender a não terceirizar as nossas responsabilidades e escolhas, tanto quanto a não fazer de conta no que o outro tem responsabilidade nas suas escolhas e caminhos.
E os vidros ou o nosso olhar poderão ajudar ou atrapalhar muito nesse processo.
A gente pode limpar para ver melhor e de modo amplo ou mesmo focado, mas com clareza. Ou deixar assim, uma visão turvada por machas e marcas, muitas vezes de outra pessoa ou tempo - que pode mudar tudo do que vê nosso olhos e, consequentemente sente, nosso coração.
É escolha. E não pode ser terceirizada.
Comentários
Postar um comentário