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Abraços, poderosos entrelaçamentos

Abraços são tão poderosos e fazem tanta falta, muitas vezes! Todos já passamos pela por aquele dia em que não queríamos palavras, presentes, nada. Apenas um abraço e rosto e ânimo se transformavam. Abraço, aquele nomento especial, quando dois corpos se encontram e se entrelaçam, trocam energia, cheiro, calor e se fazem vivos em toque tão profundo que é capaz de fazer aflorar o melhor de nós. A verdade é que todos deveríamos nos permitir abraçar, de verdade, com firmeza, em cada encontro com aqueles que amamos, aqueles que tem significado para nós, aqueles que de algum modo estão na nossa vida. Abraços aquecem, curam, encorajam, acolhem, falam com tanta clareza que nos deixam sem palavras. Não à toa cantamos que "o melhor lugar do mundo é dentro de um abraço". Em tempos de apartação pelos motivos mais tolos possíveis, bom seria fôssemos capazes de nos permitir mergulhar num abraço amigo ou do filho, mãe, pai, do amor, de quem ocupa a nossa mente com ternura. Você é capa

Deixar as malhadas

R ecentemente uma amiga me admoestou com a seguinte frase: "mana, já está de você deixar as malhadas". Claro que eu ri, e muito. A referência é bíblica, à história de Jacó e seus tempos de serviço ao sogro  Labão, enriquecendo-o e não tendo adequado reconhecimento por seu trabalho. É  principalmente, uma chamada à aceitação pública de desafios que muitas vezes a gente já enfrenta no privado, "às escondidas", nos bastidores. Nunca enriqueci ninguém e, graças a Deus,  meu trabalho quase sempre teve reconhecimento de valor. Não em todos os sentidos, obviamente. Há um fato importante porém, trazido por essas referências e de modo muito forte. Mostrar o que sou capaz de fazer, ou melhor, assumir minhas capacidades, nunca foi algo que me atraísse. Muito ao contrário. Quase sempre só me salta aos olhos a ácida crítica que eu mesma me imponho. Sei fazer muitas coisas e quando assumo desafios normalmente tenho excelente desempenho. Mas tenho enorme e sincera dificuldade

Sob cargas, destinos

Dezesseis, não mais que dezoito anos, dou como sua idade. No generoso fio que escorria no seu rosto, bem mais que suor, escorria sua juventude, energia, esperança, sonhos, outro futuro possível.  O olhar? Embaçado da fumaça dos carros apressados que reclamavam sua presença m suas vias. Atrás de si e carregado pela força dos juvenis braços, um carro de dois pneus e uma pesada carga do nosso consumo exagerado, nosso desperdício de vidas. Uma buzina. Um grito. Uma passagem de raspão. O quase atropelo de um corpo de dezesseis anos que via tudo passar rápido, a começar da sua juventude. No carro, outro possante? Sim, mas não o motor de muitos cavalos. Um outro ser de impávida juventude, força, sonhos, usufruto bem nutrido do presente, futuro garantido - senão pelo não sabido que não se controla, Era negro, aquele outro de animal, a carregar cargas que não produziu. Pele preta, daquele quase atropelado no asfalto, uma quase repetição do atropelo da sua exis

SOBRE A FELICIDADE

Sempre tive certo preconceito com "pessoas felizes". Não acredito na felicidade,  assim, como se propaga e nos é vendida. Acredito no estado de felicidade, por exemplo, que nos  invade diante de uma criança sorrindo ou fazendo aquelas perguntas ou argumentações que nos tiram o chão, nos desnudam e nos colocam no lugar da insignificância - o único que nos pertence no final das contas. Acredito no estado de felicidade que se apodera do nosso olhar frente à delicadeza ou poder incomparável da natureza, em cores, formas, sabores. Ou ainda, nos acordes musicais, na poesia, nos mistérios da lua, no silêncio. O estado de felicidade nos provoca pensamentos, nos orienta, nos impulsiona a ações mais gentis, mais humanas, nos faz cambaleantes e nos inspira a buscar novo ciclo feliz. Às vezes nos paralisa também. O estado de felicidade é tão poderoso que parece se eternizar. Mas não creio real essa tal felicidade em sorrisos que não findam,  celebrações eternas, graça a perder de vis

SOBRE CALOR E GENTE QUENTE

Gosto de comida quente, café quente e  gente quente. Nossa tropical localização nos faz mais quentes. Talvez nos lembre que sinônimo de vida seja o calor. Dia desses um amigo me veio com um diagnóstico sobre determinada pessoa dizendo achá-la fria. Neguei. Ele insistiu que era sim. Deu-me como prova e provocação que bastava olhava para outras pessoas que aquela rodeavam, como eram frias. Argumentei que muitas vezes a vida impõe tantas regras, durezas, enfrentamentos, autopoliciamento no falar, agir e reagir que, no passar dos tempos, sob aquele regime tão intenso, perde -se o calor, essa vividez  do existência com cor. Explica. Justifica? Pus-me a pensar a respeito porque, obviamente, a minha argumentação não me convenceu. Será que tem que ser assim, tornarmo-nos frios para sobreviver à dureza e frieza dos desafios que temos que enfrentar, às vezes anos a fio? Não estaria no calor, esse pulsar vivo dos nossos traços, expresso na força e vibração do falar, expansão de alma, riso

Nossos hábitos, nossas construções

Muito raramente preparo café da manhã em casa. É quase o único momento que paro. É um misto de preguiça e necessidade de um momento para nada fazer além de ler um jornal, revista, livro, ouvir música ou apenas me deixar navegar nas águas do nada tarefeiro e mergulhar nos pensamentos ou observação. O local é simples. A comida é básica. O horário é quase sempre o mesmo. As experiências da observação são quase sempre significativas. Cá estou mais uma vez. Uma mesa livre à frente. O casal chega. Faz o pedido. Recebe seus itens solicitados e se dirige à mesa. Ela está bagunçada com restos de comida do usuário anterior. Um prato, um copo, uma caixa de achocolatado e algum a sujeira espalhada. O casal volta e começa a tomar café de pé, ao lado do freezer de sorvetes até que alguém limpa a mesa. Ok. Faria que os responsáveis pelo local se mantivessem absolutamente atentos e ágeis quanto à limpeza das mesas. Melhor seria que o cidadão anterior deixasse a mesa em mí

As distâncias de Brasília

Fui ao escritório conferir se determinado serviço já estava pronto, já que o profissional não me respondia. "A senhora terá que esperar mais ou menos uma hora para que eu termine a parte de hoje." Ok. Fome. Ali na 215 norte tem umas comidinhas bacanas. Dilema. Ou enlouqueço de vez e enfrento a passagem subterrânea ou enlouqueço e atravesso o Eixo Rodoviário. Eu estava na 314 norte e o mapa me dizia que apenas 1,2 km me separavam até a comida desejada, em 14 minutos de caminhada. Eixo ou passagem subterrânea, que uso com frequência (até 18h), que doidice farei? Atravesso o Eixinho. Olho para um lado. Olho para o outro. Ando uns 200 m na direção norte, pelo canteiro. Desisto. Não sou capaz de enfrentar as máquinas exibindo seus tanques abastecidos. Melhor deixar para frequentar o Eixão amanhã, quando estiver fechado para os carros e aberto para as pernas, das gentes circulantes. Brasília é linda. Apesar de chamarem a cidade de