Gosto de comida quente, café quente e gente quente.
Nossa tropical localização nos faz mais quentes. Talvez nos lembre que sinônimo de vida seja o calor.
Dia desses um amigo me veio com um diagnóstico sobre determinada pessoa dizendo achá-la fria. Neguei. Ele insistiu que era sim. Deu-me como prova e provocação que bastava olhava para outras pessoas que aquela rodeavam, como eram frias.
Argumentei que muitas vezes a vida impõe tantas regras, durezas, enfrentamentos, autopoliciamento no falar, agir e reagir que, no passar dos tempos, sob aquele regime tão intenso, perde -se o calor, essa vividez do existência com cor.
Explica.
Justifica?
Pus-me a pensar a respeito porque, obviamente, a minha argumentação não me convenceu.
Será que tem que ser assim, tornarmo-nos frios para sobreviver à dureza e frieza dos desafios que temos que enfrentar, às vezes anos a fio?
Não estaria no calor, esse pulsar vivo dos nossos traços, expresso na força e vibração do falar, expansão de alma, risos e lágrimas em igual profusão liberadas, abraços, apegos, o tamanho da nossa vida, aquilo que nos leva é eleva para além do existir?
Mas, com os íntimos sou diferente. Diria alguém. Meu calor é para os meus.
E se nos fôssemos de todos, não seríamos mais humanos? Ao menos, de todos os que também se dão? Pois, se o corpo frio é porque se foi a vida, aquele extremamente quente dispara forte alarme de que o não cuidado poderá esfriá-lo de modo incontornável.
Equilíbrio, então.
Balança é o efetivo instrumento que precisamos?
Engraçado é que, ao que parece, se na balança colocarmos afeto, respeito, tolerância, generosidade, e tirarmos medo, disputa irascível, por exemplo, ela não penderá. Parece que a tendência é manter-se por ali, quente sem queimar, aquecendo sentimentos, iluminando o caminhar e as escolhas, aproximando pessoas, fazendo-as mais humanos, quentes.
O calor humano importa e pode derreter geleiras imensas de ódio.
Comentários
Postar um comentário