Dezesseis, não mais que dezoito anos, dou como sua idade.
No generoso fio que escorria no seu rosto, bem mais que suor, escorria sua juventude, energia, esperança, sonhos, outro futuro possível.
O olhar? Embaçado da fumaça dos carros apressados que reclamavam sua presença m suas vias.
Atrás de si e carregado pela força dos juvenis braços, um carro de dois pneus e uma pesada carga do nosso consumo exagerado, nosso desperdício de vidas.
Uma buzina.
Um grito.
Uma passagem de raspão.
O quase atropelo de um corpo de dezesseis anos que via tudo passar rápido, a começar da sua juventude.
No carro, outro possante?
Sim, mas não o motor de muitos cavalos. Um outro ser de impávida juventude, força, sonhos, usufruto bem nutrido do presente, futuro garantido - senão pelo não sabido que não se controla,
Era negro, aquele outro de animal, a carregar cargas que não produziu. Pele preta, daquele quase atropelado no asfalto, uma quase repetição do atropelo da sua existência, essa que se lhe veda o direito de portar sementes do seu amanhã e lhe lega, lixo.
E exigimos dele e dos seus quase certamente muitos irmãos que, aposto, seguem a mesma carga de destino, igualar-se aos outros em disposição por fazer-se diferente.
E seguimos, possantes, sem ver o animal humano que impomos sobre o outro, esse ser qu não vemos gente, só desprezamos.
Sob cargas da desumanidade, sufocamos destinos e os asfixiamos, sem qualquer chance de ser fazerem mais que a rápida ilusão que os atropela em realidade violenta.
Sob cargas da desumanidade, sufocamos destinos e os asfixiamos, sem qualquer chance de ser fazerem mais que a rápida ilusão que os atropela em realidade violenta.
Comentários
Postar um comentário