Muito raramente preparo café da manhã em casa. É quase o único momento que paro. É um misto de preguiça e necessidade de um momento para nada fazer além de ler um jornal, revista, livro, ouvir música ou apenas me deixar navegar nas águas do nada tarefeiro e mergulhar nos pensamentos ou observação.
O local é simples. A comida é básica. O horário é quase sempre o mesmo.
As experiências da observação são quase sempre significativas.
Cá estou mais uma vez.
Uma mesa livre à frente.
O casal chega. Faz o pedido. Recebe seus itens solicitados e se dirige à mesa. Ela está bagunçada com restos de comida do usuário anterior. Um prato, um copo, uma caixa de achocolatado e algum a sujeira espalhada.
O casal volta e começa a tomar café de pé, ao lado do freezer de sorvetes até que alguém limpa a mesa.
Ok. Faria que os responsáveis pelo local se mantivessem absolutamente atentos e ágeis quanto à limpeza das mesas.
Melhor seria que o cidadão anterior deixasse a mesa em mínimas condições de uso para os que vivessem sucedê-lo à mesa e, não o fazendo, que mal há em o novo ocupante recolher os itens e devolvê -lo no balcão?
A situação muito me diz do nosso mundo e cultura, quando queremos tudo pronto, à mão; quando nos fazemos incapazes de nos tornarmos parte de algo que não seja a nossa objetiva obrigação, pela qual não estejamos sendo pagos.
Diz -me de fuga, de indiferença, de lavar as mãos, da não responsabilização com o espaço coletivo (público ou privado).
Diz -me do comportamento distorcido sobre estalar os dedos e usufruir sem construir.
Os rascunhos do meu pensamento me lembram da mesa que preciso limpar e liberar para o próximo, do ciclo da existência e da necessidade do cuidado.
Nossos hábitos podem dizer muito da nossa construção.
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