Pular para o conteúdo principal

Postagens

O crime

O primeiro grande crime da nossa raça nunca mais nos deixou e rege desde sempre os nossos destinos: FRATRICÍDIO substantivo masculino 1. delito de homicídio cometido contra o próprio irmão ou irmã. 2. matança entre povos da mesma raça, cidadãos do mesmo país. Somos assim, homicidas por natureza, decaídos, decadentes em mergulho profundo à desgraça velada. As dores que nos doem são o ego, a ganância, mordaças, elas próprias da generosidade. E assim, nos repetimos em semelhança à Caim, violentos, virulentos, cegos em nosso egoísmo, mordazes, mortais, ferinos. Que loucura é essa, que carregamos, alucinados, nas trevas, imaginando que a esperança na humanidade poderá ser luz que a livre dos próprios tropeços, dos caos das próprias mãos, aquelas mesmas manchadas do sangue do irmão? Só tendo fé, pois dizem que ao que tem fé a vida não tem fim!

O poder da narrativa

Uma lição dos últimos anos: o poder da narrativa. Uma narrativa enfraqueceu as manifestações de 2013 até silenciá-las. Uma narrativa "derrotou" Marina Silva em 2014. E um monte de narrativas - ora se declarando em oposição uma a outra, ora se beijando feito casal apaixonado em juras de amor eterno, achando que viver uma paixão escondida, sendo o caso de domínio público - tem enlouquecido a mente já pouco sã de todos nós, nos últimos tempos. Que narrativa vamos fazer ou, a que narrativa somaremos voz e faremos coro? O que somos, afinal, depois das turbas que vociferam revolução de um lado, moralização de outro? Somos mesmo, assim, só uma soma muda numa narrativa incoerente, controversa, irresponsável, antidemocrática, autoritária e descontrolada ou coro afinado em melodia e transe sem significado vocal? Somos mesmo, assim, tão incapazes de nos juntarmos num grande processo coletivo de limpeza de ouvidos, olhos e bocas que nos permita começarmos um diál

Lugar de mulher é na política

"95% das mulheres e 88% dos homens acreditam que deveria haver mais mulheres na política. Por que não há?" .  Essa é uma provocação breve de matéria do El País, sob o título de "Machismo alimenta desigualdade social e traz prejuízo à economia" e chamada, "Contribuição feminina à economia é grande, mas retorno deixa a desejar. Mulheres ainda ganham menos que os homens e estão em menor número nas esferas de poder" Ainda não sei elaborar muito a respeito, uma coisa, porém, tenho ma tutado faz um tempinho. Os partidos políticos são um ambiente sinistro, de disputa violenta e desrespeitosa, onde - de modo, QUASE SEMPRE DESNECESSÁRIO, a tendência é querer resolver as coisas no grito, batendo na mesa, com grupamentos para enfrentamentos de um a outro lado - e isso, aqui na minha inocência de militância partidária, mas PLENA CONVICÇÃO de posicionamento de AÇÃO POLÍTICA, somando-se a outras questões sobre as quais ainda não consigo dizer, é ABSOLUTAMENTE D

Sobre resistência

Resistência não é ficar teso, duro, inflexível ante o adversário, inimigo ou situação.  Dentre os diversos significados à palavra, gosto do que a define como "aquilo que causa embaraço" , e ainda, "não ser alterado, danificado ou destruído (por algo ou, ação de algo)" e, por fim, "não seguir e não ser dominado (por impulso, vontade, ideia ou influência)" . Esse conjunto de significados me fazem compreender RESISTÊNCIA como GUARDAR PRINCÍPIOS. Sofrer traição, ser obrigado a carregar o peso de outro, ser esbofeteado (com a mão que limpa fezes ou com as palavras que rasgam a alma ou ainda, com os gestos que silenciam os ânimos de realizar), são perfeitas justificativas para retrucar, devolver  a violência sofrida, defender-se na mesma moeda. Mas, se ao invés disso houver  exercício para a RESISTÊNCIA? Exercício porque é uma missão altamente complexa. Resistir é aprendizado fruto de compreensão de motivos. O Cristo, certa vez, ao ensinar sobre a

Diálogo de mundos diferentes

Tem um mês, mais ou menos, ao fazer análise de coisas do meu cotidiano e olhar o que está acontecendo no nosso país, que não me sai da cabeça a Oficina de Sarah Thompson,  sobre RESISTÊNCIA,  no Festival Reimaginar. Estou tentando compreender conceitos.   Ontem, cansada física e psicologicamente, ao chegar em casa, depois das 21h, em dia absolutamente estressante no trabalho, tive a oportunidade de ficar bom tempo na porta do prédio onde moro, trocando ideia com vizinha que estava voltando d a manifestação na Esplanada. Eu, evangélica, pude compartilhar diversas coisas que aprendi naquela oficina. Ela, sem prática de religião alguma, compartilhou o sentimento de solidão na luta pelo que acha correto. No final eu a agradeci a oportunidade da conversa franca. Ela me agradeceu a exposição a partir de um princípio de fé que ela não conhecia. Nós admitimos as diferenças dos nossos mundos e nos alegramos pela convergência das nossas lutas. Vizinhas que dizem &#

O livro e a vaidade

Conforme os dias passam só posso dizer que aquele tal livro Sagrado para os cristãos (e eu tento ser uma, portanto, sagrado para mim) é o mais importante que já li na minha vida. Ele é um tanto maluco, sanguinário, misterioso, controverso e por isso, tantas vezes incompreensível, mas ainda não encontrei nenhum outro para substitui-lo na minha cabeceira. Ele me conserta e desconserta; me constrói e desconstrói; me acalma, tanto quanto me desespera; planta e rega as mais absurd as esperanças no meu coração e quase na mesma medida, muitas vezes, me diz que é tudo um sopro sem controle, e isso me assombra. O livro. Ele me vira do avesso e quando penso que estou aprendendo me prova que ainda não sei nada. Ele expõe as minhas vaidades, medos, mentiras, hipocrisias e todas as minhas facções interiores - essas minhas guerras incontidas, que extrapolam a geografia da minha alma e se esvaem por meus olhos, lábios, poros, gesto, em reações tão concretas que se firmam ante minhas

Ela quer da gente é coragem

Sabe aquela partícula de texto pela qual você se apaixona? Aquela que inspira, faz transpirar, que sempre abala as suas estruturas por dizer poderosas verdades? Acredito que é muito bom que descubramos essa palavras e expressões que falam ou, por vezes, gritam à nossa alma para nos provocar leituras de nós mesmos e do mundo com o qual nos relacionamos ou aquele outro que desprezamos. Eu gosto dessa, do Guimarães (o Rosa): "O correr da vida embrulha tudo. A vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem." Esse pedacinho está na porta da minha casa para que todos os dias, ao sair, me lembre que é preciso coragem e, todos os dias ao retornar , lembre novamente, é preciso coragem. O Aurélio define CORAGEM como um substantivo feminino que se apresenta a nós com o significado de 'moral forte perante o perigo, os riscos; bravura, intrepidez.'  Ou ainda,  'firmeza de espírito para enfrentar