Pular para o conteúdo principal

Diálogo de mundos diferentes

Tem um mês, mais ou menos, ao fazer análise de coisas do meu cotidiano e olhar o que está acontecendo no nosso país, que não me sai da cabeça a Oficina de Sarah Thompson, sobre RESISTÊNCIA, no Festival Reimaginar.

Estou tentando compreender conceitos. 

Ontem, cansada física e psicologicamente, ao chegar em casa, depois das 21h, em dia absolutamente estressante no trabalho, tive a oportunidade de ficar bom tempo na porta do prédio onde moro, trocando ideia com vizinha que estava voltando da manifestação na Esplanada.


Eu, evangélica, pude compartilhar diversas coisas que aprendi naquela oficina. Ela, sem prática de religião alguma, compartilhou o sentimento de solidão na luta pelo que acha correto.

No final eu a agradeci a oportunidade da conversa franca. Ela me agradeceu a exposição a partir de um princípio de fé que ela não conhecia.

Nós admitimos as diferenças dos nossos mundos e nos alegramos pela convergência das nossas lutas.

Vizinhas que dizem 'olá, bom dia' e nada mais, num encontro ao acaso, semeiam positivamente na vida uma da outra.

Nós precisamos de pontes e diálogos, conclusão final.
Nós precisamos entender que os nossos mundos não possuem todos os significados da existência e que não podem existir isolados.

O meu mundo só tem sentido em diálogo com outros mundos.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Democracia e representatividade: por que a anistia aos partidos políticos é um retrocesso

Tramita a passos largos na Câmara dos Deputados, e só não foi provado hoje (2/maio) porque teve pedido de vistas, a PEC que prevê anistia aos partidos políticos por propaganda abusiva e irregularidades na distribuição do fundo eleitoral para mulheres e negros. E na ânsia pelo perdão do não cumprimento da lei, abraçam-se direita e esquerda, conservadores e progressistas. No Brasil, ainda que mulheres sejam mais que 52% da população, a sub-representação feminina na política institucional é a regra. São apenas 77 deputadas entre os 513 parlamentares (cerca de 15%). E no Senado, as mulheres ocupam apenas 13 das 81 cadeiras, correspondendo a 16% de representação. Levantamentos realizados pela Gênero e Número dão conta que apenas 12,6% das cadeiras nos executivos estaduais são ocupadas por mulheres. E nas assembleias legislativas e distrital esse percentual é de 16,4%. Quando avançamos para o recorte de raça, embora tenhamos percentual de eleitos um pouco mais elevado no nível federal, a ime...

Narrativas. Vida. Caos. Desesperança.

  Quando eu era pastora repetia com muita frequência, aos membros da igreja, sobre a necessidade de submeterem o que ouviam de mim ao crivo do Evangelho, aprendi isso com o bispo Douglas e com o Paulo, o apóstolo rabugento (e por vezes preconceituoso), mas também zeloso com a missão cristã assumida. Outra coisa que eu repetia era que as pessoas só conseguiriam se desenvolver se exercitassem a capacidade de pensar. Nunca acreditei num Deus que aprecia obediência cega, seres incapazes de fazer perguntas. E cada vez mais falo a Deus que se ele não conseguir se relacionar com as minhas dúvidas, meus questionamentos, as tensões do meus dilemas e mesmo cada um dos incontáveis momentos em que duvido até dele, então ele não é Deus. Será apenas um pequeno fantasma das minhas invencionices mentais, portanto, irreal. E por que isso aqui da gaveta das minhas convicções e incertezas? Assim? A nossa História é basicamente um amontoado de narrativas. Ora elas nos embalam na noite escura e fria. O...

Reforma?

Daqui 11 dias celebraremos 505 anos da reforma protestante.  Naquele 31 de outubro de 1517 dava-se início ao movimento reformista, que dentre seus legados está a separação de Estado e Igreja. É legado da reforma também o ensino sobre o sacerdócio de todos os santos, na busca por resgatar alguns princípios basilares da fé cristã, que se tinham perdido na promíscua relação do poder religioso com o poder político. E, co mo basicamente todo movimento humano de ruptura, a reforma tem muitas motivações e violência de natureza variada. No fim, sim, a reforma tem sido muito positiva social, política, economicamente e nos conferiu uma necessária liberdade de culto.  Mas, nós cristãos protestantes/evangélicos, teremos o que celebrar dia 31?  Restará em nossas memórias algum registro dos legados da reforma? Quando a igreja coloca de lado seu papel de comunidade de fé, que acolhe e cura pessoas e passa a disputar o poder temporal, misturar-se à autoridade institucional da política, e...