Pular para o conteúdo principal

Lugar de mulher é na política

"95% das mulheres e 88% dos homens acreditam que deveria haver mais mulheres na política. Por que não há?" . Essa é uma provocação breve de matéria do El País, sob o título de "Machismo alimenta desigualdade social e traz prejuízo à economia" e chamada, "Contribuição feminina à economia é grande, mas retorno deixa a desejar. Mulheres ainda ganham menos que os homens e estão em menor número nas esferas de poder"
Ainda não sei elaborar muito a respeito, uma coisa, porém, tenho matutado faz um tempinho.
Os partidos políticos são um ambiente sinistro, de disputa violenta e desrespeitosa, onde - de modo, QUASE SEMPRE DESNECESSÁRIO, a tendência é querer resolver as coisas no grito, batendo na mesa, com grupamentos para enfrentamentos de um a outro lado - e isso, aqui na minha inocência de militância partidária, mas PLENA CONVICÇÃO de posicionamento de AÇÃO POLÍTICA, somando-se a outras questões sobre as quais ainda não consigo dizer, é ABSOLUTAMENTE DESMOTIVADOR.
Quando o ambiente é de conversa, troca de ideias, interação real, compartilhamento e espaço mais amplo à compreensão, composição generosa, ao que me parece, ficamos mais à vontade e com mais disposição para agir politicamente, isso quanto a pleito eleitoral, porque, honestamente, olha pro lado e veja na sociedade quais são as mãos mais presentes na construção política? Só que são invisibilizadas pelas luvas de boxes do machismo, do autorismos, das disputas de poder pelo poder, de afirmação e continuísmos e replicação de cultura centrada no homem como mandatário e voz única de autoridade.
Fora isso, há necessidade de fomentar a organização feminina nos partidos e não apenas usar a mulher para cumprir legislação eleitoral, como sempre se faz.
Mulher na política, tal qual nos outros ambientes, não é uma questão de disputa de espaço, mas de construção de sociedade mais justa, com visão mais ampla e isso não desmerece o homem, ao contrário, a justiça o enaltece, como o faz a todo o conjunto da sociedade.
É bom considerar que disputa de ideias é bem diferente de disputa de espaços. A gente disputa ideias compondo, não eliminando o outro, pois, "quando as ideias fazem sexo", geram produtos e resultados muito melhores do que aqueles deflagrados em enfrentamentos do tipo, ou eu ou você, ou a minha ideia ou a sua, ou o meu espaço ou o seu. Isso é pequeno poder e o seu resultado é mesquinho, medíocre, desagregador e, portanto, destruidor.

Ocupar espaço não importa?
Não disse isso.
Espaço válido é aquele fruto e construção, reconhecimento de trabalho, significado, contribuição ao coletivo. Vazio é o espaço legitimado à força, sob o manto da violência e expurgo do diferente.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Democracia e representatividade: por que a anistia aos partidos políticos é um retrocesso

Tramita a passos largos na Câmara dos Deputados, e só não foi provado hoje (2/maio) porque teve pedido de vistas, a PEC que prevê anistia aos partidos políticos por propaganda abusiva e irregularidades na distribuição do fundo eleitoral para mulheres e negros. E na ânsia pelo perdão do não cumprimento da lei, abraçam-se direita e esquerda, conservadores e progressistas. No Brasil, ainda que mulheres sejam mais que 52% da população, a sub-representação feminina na política institucional é a regra. São apenas 77 deputadas entre os 513 parlamentares (cerca de 15%). E no Senado, as mulheres ocupam apenas 13 das 81 cadeiras, correspondendo a 16% de representação. Levantamentos realizados pela Gênero e Número dão conta que apenas 12,6% das cadeiras nos executivos estaduais são ocupadas por mulheres. E nas assembleias legislativas e distrital esse percentual é de 16,4%. Quando avançamos para o recorte de raça, embora tenhamos percentual de eleitos um pouco mais elevado no nível federal, a ime...

Narrativas. Vida. Caos. Desesperança.

  Quando eu era pastora repetia com muita frequência, aos membros da igreja, sobre a necessidade de submeterem o que ouviam de mim ao crivo do Evangelho, aprendi isso com o bispo Douglas e com o Paulo, o apóstolo rabugento (e por vezes preconceituoso), mas também zeloso com a missão cristã assumida. Outra coisa que eu repetia era que as pessoas só conseguiriam se desenvolver se exercitassem a capacidade de pensar. Nunca acreditei num Deus que aprecia obediência cega, seres incapazes de fazer perguntas. E cada vez mais falo a Deus que se ele não conseguir se relacionar com as minhas dúvidas, meus questionamentos, as tensões do meus dilemas e mesmo cada um dos incontáveis momentos em que duvido até dele, então ele não é Deus. Será apenas um pequeno fantasma das minhas invencionices mentais, portanto, irreal. E por que isso aqui da gaveta das minhas convicções e incertezas? Assim? A nossa História é basicamente um amontoado de narrativas. Ora elas nos embalam na noite escura e fria. O...

Reforma?

Daqui 11 dias celebraremos 505 anos da reforma protestante.  Naquele 31 de outubro de 1517 dava-se início ao movimento reformista, que dentre seus legados está a separação de Estado e Igreja. É legado da reforma também o ensino sobre o sacerdócio de todos os santos, na busca por resgatar alguns princípios basilares da fé cristã, que se tinham perdido na promíscua relação do poder religioso com o poder político. E, co mo basicamente todo movimento humano de ruptura, a reforma tem muitas motivações e violência de natureza variada. No fim, sim, a reforma tem sido muito positiva social, política, economicamente e nos conferiu uma necessária liberdade de culto.  Mas, nós cristãos protestantes/evangélicos, teremos o que celebrar dia 31?  Restará em nossas memórias algum registro dos legados da reforma? Quando a igreja coloca de lado seu papel de comunidade de fé, que acolhe e cura pessoas e passa a disputar o poder temporal, misturar-se à autoridade institucional da política, e...