Conforme os dias passam só posso dizer que aquele tal livro Sagrado para os cristãos (e eu tento ser uma, portanto, sagrado para mim) é o mais importante que já li na minha vida.
Ele é um tanto maluco, sanguinário, misterioso, controverso e por isso, tantas vezes incompreensível, mas ainda não encontrei nenhum outro para substitui-lo na minha cabeceira.
Ele me conserta e desconserta; me constrói e desconstrói; me acalma, tanto quanto me desespera; planta e rega as mais absurdas esperanças no meu coração e quase na mesma medida, muitas vezes, me diz que é tudo um sopro sem controle, e isso me assombra.
O livro.
Ele me vira do avesso e quando penso que estou aprendendo me prova que ainda não sei nada.
Ele expõe as minhas vaidades, medos, mentiras, hipocrisias e todas as minhas facções interiores - essas minhas guerras incontidas, que extrapolam a geografia da minha alma e se esvaem por meus olhos, lábios, poros, gesto, em reações tão concretas que se firmam ante minhas incertezas como castelos fortes, mas tão fracos são que ruem pelo espirro da própria ansiedade.
Ele, o livro, me desnuda como nem eu mesma conseguiria fazer, e me expõe todas as vísceras ao mesmo tempo que me acolhe para curar as feridas - minhas em mim, nos outros e deles em mim.
Ele me diz e me prova que, apesar de mim, apesar de você, apesar da escuridão densa da minha alma, é preciso acreditar que o novo dia acontecerá uma e outra e outra e outra e mais uma vez, e o sol brilhará intenso e trazendo à luz tudo o que a escuridão escondeu.
O livro, o sagrado livro que me alimenta quando nada mais é capaz de despertar meu paladar; que me renova quando eu só quero fugir; que me dá sonhos quando eu quero apenas esquecer aqueles que um dia me sangraram as energias; que me enxuga as lágrimas quando eu me afogava em tristezas; que me dá novos parâmetros de vida e me explica o sentido da existência; que me ensina a simplicidade como caminho único possível. O livro me diz, "vaidade, tudo é vaidade" e eu preciso aprender a viver consciente disso e a não sofrer com isso, a ponto de não mais sorrir.
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