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Escuta é conexão

Sempre fui observadora. Talvez isso me tenha dado boa audição que, tenho percebido nos últimos tempos não tão boa assim. Vezes a perco, depois recupero. E vamos assim, ciclicamente. Na escola eu ficava muito irritada com os colegas e seus recorrentes pedidos para que professoras e professores repetissem palavras e frases dos ditados. Não sei como, mas cedo desenvolvi uma técnica: primeiro escutar com muita atenção, a palavra e mesmo frases, e só depois escrever. Em muitas ocasiões eu perdia uma palavra e só lá na frente a recuperava. Raramente eu pedia repetição. Alguém dirá: todos fazemos assim. Não. Não todos. Aliás, bem poucos. A regra geral é a pessoa esboçar a fala e já querermos terminar o todo da sua expressão. Especialmente se há demanda de relógio, a que atribuímos tempo. Como nos ditados da escola, que normalmente vinham com um "benefício" para quem terminasse primeiro e errasse menos. O resultado efetivo sempre foi que os apressados erravam mais, d

A saída?

O que queremos? Uma saída.  Mas, e quando ela parece ser a interiorização. Olhar para dentro. Reclusão interna? Já estamos reclusos, diriam alguns. Será? Quanto de todo esse tempo em que estamos confinados ou necessitando estar, nos impusemos parar, de verdade, aquietar, colocar em passo de espera a mente e exercitar a escuta silenciosa? Falamos de (re) conexão, mas um ato para fora, como se de um ente externo a nós em toque a outro. E ficamos assim, no esbarrão - apenas - porque conexão prescinde entrega e entrega é passo de renúncias multilaterais, é encontro de almas ou pelo menos semelhanças de anseios, projetos, visões. Chegar até aqui não é uma corrida, seja qual for o seu aqui. E isso não é jargão. É demanda universal de nos pensarmos em um momento ímpar do século, provavelmente. Isso significa que não podemos considerar aceitável sermos as mesmas pessoas que aquelas de antes de o mundo ser tomado por esse tormento.  Ficaremos a ermo se não buscarmos essa conexão int

O tempo. A pressa

Somos uma comunidade, percebamo-nos assim ou não. Nela temos propósitos comuns, necessariamente. Temos responsabilidades pelas quais respondemos no contexto da missão de existir enquanto comunidade servidora à população do Distrito Federal na Câmara Legislativa. As demandas da população nos impõem rigor técnico e olhar apurado às ações, a política nos exige muito e disciplinado trabalho, o sentido da missão na qual servimos nos exige humanidade. E para que não adoeçamos, às vezes querendo atender a 'tudo isso no mesmo tempo tudo agora do segundo que passa num piscar', a gente precisa fundamentalmente aprender sobre os mistérios do equilíbrio.  Mistério. Tudo aquilo "cuja causa é oculta, desconhecida, incompreensível, inexplicável; enigma."  O tempo às vezes é impetuoso e cruel. Apressado, se faz cego, ansioso, autoritário e nem vê sua imprecisão. A gente às vezes se faz como o tempo. Até que ele passa e deixa marcas na jornada, que em algum momento as encontraremos ju

Apenas rio e não mais

Em algumas coisas vejo nada além de coisa alguma Então rio  do mar  petrolizado de demagogia devia chorar mas não rio  chorei em meio a esforços para que o esforço não fosse desprezado hoje apenas rio  do fruto podre gerado na demagogia

EU NÃO ACREDITO NA ORAÇÃO

Eu não acredito na oração cuja expressão vocal não seja precedida e sucedida de consistente disposição de ser a expressão vocalizada. Por que? A palavra sobre caos iniciou um processo que criou o jardim, um coeso sistema de vida. E a palavra foi-nos dada para continuarmos manifestando aqui, agora e sempre, o poder criativo e criador da fonte de todas as coisas e seres. Mas, a palavra só é ato se envolta no Espírito - o sopro da vida, portanto, sendo dinâmica e dialogal com a existência, demandas, carências, potenciais da existência. Toda ela. A palavra dissociada do Espírito é verbo acusatório, desagregador, perverso juiz, arma com fim único o assassinato - de sonhos, de esperanças, da existência. Por isso, todas essas orações agora convocadas por Apóstolos, Bispos, Pastores e um sem número de gentes outras, pelo Brasil e para que o Brasil “seja do Senhor Jesus Cristo”, para mim são apenas palavras soltas, vazias, hipocrisia em sua mais dolorida e mal cheirosa demonstr

À procura de líderes?

O mundo das receitas é um tanto detestável. Mas, mesmo quando as desprezamos, no fundo, talvez em igual medida, às desejamos. Tem sido meio irritante (a mim, ao menos) o tal novo normal repetido aos quatro cantos, que tem por pano de fundo apenas a reconstrução de todos os parâmetros a que estamos acostumados e que nos devoram e  nos tiraram o sentido de existir. Ainda assim, nós não conseguimos desapegar disso. Gosto de ler publicações de negócios, gestão especialmente. Isso desde quando eu tinha o meu "nano negócio". Era a partir delas que buscava novidades e inspiração, e também visões comportamentais, experiências, jornadas. Quase sempre são publicações repletas de doses vendidas como inspiracionais , mas que no fundo são receituários. Aprendi isso faz tempo. Então, quando me deparo com elas tento extrair valor para o meu mundo e aí, há um tema recorrente e que me interessa: liderança. Temos mergulhado fundo num vácuo terrível de lideranças. Faz tempo. Em dado

Cadê a nossa humanidade?

A vida já não temos coragem de celebrar porque as algazarras à morte nos calam, paralisam, adoecem, sepultam com respiração ofegante mas ainda presente aqui no peito que não suporta tanta idiotização. Ledo engano. A tristeza que nos abate com o deboche ao registro de mais de 10 mil mortos no nosso país m, em decorrência do #COVID19 é daquelas coisas que petrificam, que colocam o coração em pânico, que só trazem as piores perspectivas sobre o que está por vir. Quando perdemos a nossa humanidade? O que nos trouxe a momento de descaracterização humana tão profundo? Será que ainda tem possibilidade de resgate a nós, "humanos"? Ou mergulharemos ainda mais fundo no culto ao horror, na celebração à morte? Um dia em que já se faz triste por não podermos estar em família, lado a lado, celebrando; em que há milhares de lares em luto, ainda temos que lidar com esse fetiche mórbido que parece ser a nova vedete brasileira. E a tragédia maior já nem são as vidas que se f