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Sobre o poder a compaixão

Todos nós, em algum nível, temos poder. Alguns de nós nos desenvolvemos nele e o tornamos alavanca para muitas coisas, de forma decente até. Outra parte de nós se embevece no poder, aqueles pequeninos do cotidiano e mergulha num processo amedrontador de monstrificação. O poder atordoa com muita facilidade. Todos os poderes. Já estive mergulhada no poder eclesiástico e vi de perto, por dentro, como ele pode ser destruidor. Já fui vítima e vitimei através dele. Infelizmente, e com muita dor digo isso, grande parte dos abusos de poder que hoje consigo identificar, me remetem àquela época. Conchavos promovidos por quem está em posição de autoridade, relatos parciais de situações coletivas com o fim de manipular construções, decisões, ações. Entrega de dados apenas na parte que interessa a quem tem maior fatia de poder. Fora as chantagens, emocionais e financeiras. Todos nós temos ou podemos ter pequenas fatias de poder. O que temos feito com elas e o que temo

O balaio dos proibidos

A convivência minimamente respeitosa, ainda que o ideal fosse harmoniosa, na diversidade e espaço de oposição de ideias, tem se tornado exercício para poucos, dada a nossa sina e preferência autoritária que nos faz incapazes de ver, ouvir e falar para além de nós mesmos e, nos coloca no estranho dos mais estranhos movimentos: de reduzirmos o "mundo, vasto mundo" ao quintal dos nossos pensamentos, construído em palafitas sobre os nossos esgotos emocionais. São muitos os balaios que criamos em decorrência disso, destaco um: O BALAIO DOS PROIBIDOS. Numa embalagem, que enfeitamos com a nossa melhor retórica, colocamos não só os que pensam diferente de nós, vamos mais fundo, escolhemos os atrevidos que ousam dizê-lo, pois, ora, que afronta!  Não bastasse o outro, humano livre e diferente de mim, por natureza, divergir do que eu me torno e expresso, como ele (o outro) ainda pode querer dizer que pensa e escolhe ir noutra direção de agir e expressar o seu pensamento e mod

Internamente melhor para externamente melhor

O sistema político é autoritário, antidemocrático, segregador, ensimesmado, machista, violento e não afeito à renovação. Qual o principal local, oficina ou laboratório de todas essas práticas? A construção interna dos partidos políticos. É lá que esses caminhos se desenham, são treinados e se consolidam para se repetirem ano após após ano nas casas legislativas, e também no exercício do poder executivo. Quer saber se determinada pessoa é democrata, praticamente da velha ou nova política, se está a serviço ou se servindo da política? Olhe para o modo como ela se porta e faz a construção interna do seu partido. Ela valoriza os processos horizontais, coletivos, colaborativos e compartilhados, ou é aderente aqueles feitos às escondidas, com velado desprezo ao coletivo, como ente capaz de melhor criar, ainda que "dê mais trabalho" que as decisões e caminhos dos iluminados? Ela valoriza a emancipação das pessoas ao seu redor, dando -lhes plena liberdade de op

Orla Livre, econômica próspera e ambientalmente sustentável

O Caderno Cidades do Correio Braziliense deste domingo (02), trouxe duas páginas sobre os negócios possíveis, ou melhor, as algumas possibilidades econômicas numa das áreas mais incríveis do Distrito Federal, o Lago Paranoá. Durante décadas, sinônimo, para mim, dos muros segregacionistas do DF, personificados no "tão perto e tão longe", "para ver, não usufruir", "saber que existe para saber que nunca será seu" e, "aos poderosos, tudo", a partir de 2015, um pesado processo de sua democratização finalmente foi levado a termo, são sem muitas tensões e enfrentamentos judiciários movidos por pessoas que tomaram por patrimônio privado o que a todos pertence. Ainda que o seu processo de plena estruturação leve um tempo, a desobstrução da orla do lago Paranoá, por si só e se fosse apenas isso, já seria digna de celebração e cobraria muito controle social da população do Distrito Federal. Toda ela. É preciso que o conjunto da população do DF a

Câmara Mais Barata

O Distrito Federal, lugar em que mais se fala e respira política neste país; que detém do título extraoficial (eu acho) de habitantes mais politizados (?) do Brasil somente agora tem sua primeira iniciativa popular de lei. Não é nem tão absurdo assim. Absurdo mesmo é em 30 anos de previsão constitucional termos até agora, somente 4 projetos dessa natureza aprovados, a última em 2010, Lei Complementar nº 135/2010, conhecida como a Lei da Ficha Limpa - essa que estão doidos para mandar pelo ralo. Pois bem, o Observatório Social de Brasília, depois de estudos e trabalho de pesquisa com o Instituto de Fiscalização e Controle, lançou no último dia 16 de janeiro, uma campanha denominada 'Câmara Mais Barata', cujo objetivo é coletar 30 mil assinatura de cidadãos do Distrito Federal para dar entrada na Câmara Legislativa do Distrito Federal, popularmente conhecida e não sem razão, como a casa dos horrores, a um projeto de lei por iniciativa popular que visa, em síntese e como o no

Mudanças

Estou em mudança, desde sempre que me descobri mais saudável, mais viva e mais gente quando metamorfose ambulante. Daí, a  gente arruma as bagunças e ideias, repousa um pouco e depois começa tudo de novo. Nesse novo, que de novo me inunda em ciclos, as vezes desejados, poderia fazer recorte importante dos últimos 60 dias, fincando sob ventos ora violentos e apavorantes, ora interessantes e reconfortantes, um certo atual processo de mudança. Tem de tudo na minha mudança: redesign do visual sobre o qual tenho escolha e posso ter controle ou aquele que a vida me exige; tem conceitos, informações diversas, confusas e aquelas inacreditáveis - reconfigurando e reposicionando meus conceitos, crenças, escolhas, lutas nas quais estou disposta a colocar a minha energia, minha de disposição de aprender (graças a Deus sempre viva e vibrante em mim), meus dias, minha frágil existência. Minha mudança se mexe e remexe dentro e fora de mim. Talvez seja esse amontado de livros, revistas, encartes d

Lançamento da Iniciativa Câmara Mais Barata

São muitas as mancadas acerca das quais os maus políticos que controlam o sistema institucional querem convencer o cidadão. Uma delas é sobre participação e atuação na dinâmica política, restringindo-a ao processo eleitoral - esse que se fez viciado e pelo qual as políticas públicas são friamente debeladas às disputas, se assim julgarem necessário, os maus políticos, aos seus jogos particulares de poder. Número 1: não sou contra partidos, afinal, seria doida né, porque dedico  significativa energia à construção de um, na esperança de que ele não seja propriedade de um, mas uma dinâmica e orgânica construção comum; Número 2: não desprezo o processo eleitoral, afinal, para que participássemos dele muita gente se sacrificou ao longo da nossa história e ele ainda não está completo, para atestar basta um recorte: quantas mulheres? negros? povos indígenas? filiação obrigatória para participar de um pleito. Ou seja, ele ainda está longe do mínimo ideal. Do meu voto, por exemplo, não ab