Todos nós, em algum nível, temos poder. Alguns de nós nos desenvolvemos nele e o tornamos alavanca para muitas coisas, de forma decente até. Outra parte de nós se embevece no poder, aqueles pequeninos do cotidiano e mergulha num processo amedrontador de monstrificação.
O poder atordoa com muita facilidade.
Todos os poderes.
Já estive mergulhada no poder eclesiástico e vi de perto, por dentro, como ele pode ser destruidor. Já fui vítima e vitimei através dele.
Infelizmente, e com muita dor digo isso, grande parte dos abusos de poder que hoje consigo identificar, me remetem àquela época. Conchavos promovidos por quem está em posição de autoridade, relatos parciais de situações coletivas com o fim de manipular construções, decisões, ações. Entrega de dados apenas na parte que interessa a quem tem maior fatia de poder. Fora as chantagens, emocionais e financeiras.
Todos nós temos ou podemos ter pequenas fatias de poder. O que temos feito com elas e o que temos deixado que elas façam conosco ou, no que elas nos transformam são questões que precisamos visitar com frequência.
Temos usado o poder na medida e orientado pela compaixão ou a nossa paixão se embriagou dos pequenos poderes e dos lençóis e laços dele se fez refém?
O pequeno poder de existir, da autonomia, do dom da palavra, da percepção e crítica mais livre que a média tem nos conduzido a uma profunda consciência de responsabilidade para além de nós ou nos envaidecido para formar hordas que nos obedeçam cegamente, nos bajulem e se dobrem com o menor grau de questionamento e resistência possível à nossa autoridade e poder?
É muito sério ter poder. Qualquer poder. Precisamos encarar isso com muita responsabilidade ou a hipocrisia de uma existência bêbada em si mesma nos destruirá.
Se você se interessa por refletir um pouco mais acerca do tema, recomendo a leitura do artigo sobre liderança da Revista Harvard Business Review, com o tema 'O poder é capaz de corromper líderes; a compaixão de salvá-los' ou, recomendo a leitura de qualquer dos textos da crucificação do Cristo, que nos dá a lição mais que perfeita sobre autoridade e poder, escolhendo permanecer na cruz.
Comentários
Postar um comentário