O sistema político é autoritário, antidemocrático, segregador, ensimesmado, machista, violento e não afeito à renovação.
Qual o principal local, oficina ou laboratório de todas essas práticas?
A construção interna dos partidos políticos. É lá que esses caminhos se desenham, são treinados e se consolidam para se repetirem ano após após ano nas casas legislativas, e também no exercício do poder executivo.
Quer saber se determinada pessoa é democrata, praticamente da velha ou nova política, se está a serviço ou se servindo da política?
Olhe para o modo como ela se porta e faz a construção interna do seu partido.
Ela valoriza os processos horizontais, coletivos, colaborativos e compartilhados, ou é aderente aqueles feitos às escondidas, com velado desprezo ao coletivo, como ente capaz de melhor criar, ainda que "dê mais trabalho" que as decisões e caminhos dos iluminados?
Ela valoriza a emancipação das pessoas ao seu redor, dando -lhes plena liberdade de opinião para que se desenvolvam na capacidade crítica, analítica, errando e aprendendo, exercitando a responsabilidade com as próprias decisões ou é daquelas cuja "grandisiodade" é medida por hordas incapazes de dar um passo sem a bênção da grande liderança pedir, infantilizando, portanto, a cidadania?
Ela valoriza a conquista nos espaços coletivos pela história coletiva construída ou é daquelas cuja tática é a disputa, violenta, para ocupar todos os espaços para colocar qualquer um nos espaços de poder, de modo a possuir mais uma chave de comando e controle?
Poderia elencar ainda incontáveis pontos e contrapontos do que EU CONSIDERO atos desqualificados desses tantos que, com seus sorrisos marotos e discursos repetidos, ainda que travestidos de novas frases, infestam a construção interna dos partidos e outras tantas organizações e instituições coletivas, tornando-os apenas uma fábrica fétida e insuportável da reprodução do grande sistema político, que expulsa o cidadão das esferas institucionais de ação política.
Não é um discurso, mas a prática a partir de pequenas ações cotidianas, que define as novas construções. Se não são reciclados, porém, os valores e princípios que orientam tais ações, o que teremos será apenas maquiagem, mal feita ainda por cima, com etiqueta de nova ação.
Resultado?
Reprodução de um sistema injusto, predador e, portanto, inoperante para o serviço de resgate da política.
Não é isso que queremos, a repetição infinda da velha hierarquização e segregação das decisões coletivas, confiadas e sem consulta, a poucos que se fazem donos da verdade?
Então, estejamos prontos para, até o limite das nossas utopias, lutar para que o ambiente interno das construções políticas de que participamos seja DEMOCRÁTICO, TRANSPARENTE, COLETIVO, COLABORATIVO, HORIZONTAL, IGUALITÁRIO, DESCENTRALIZADO, EMANCIPADOR, FRATERNO.
E se a luta se tornar absolutamente predadora da utopia por justiça e igualdade para todos, busquemos energia para preservar a utopia viva e romper com o veneno das fábricas das velhas práticas porque tudo isso é muito complexo e pesado e a "política é importante demais para ficar nas mãos apenas dos políticos".
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