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Na divisão nos multiplicamos

As vezes é difícil compreender ou simplesmente a gente não quer admitir que a vida nos exige dividir. O pão, as coisas, o conhecimento, as experiências, o sentimento, os sonhos. Há mistérios poderosos nisso e, desde os tempos antigos a sabedoria nos tenta ensinar que ao nos dividirmos nos multiplicamos, nos fazemos mais que a fração em separado de todos nós. Não se trata de nos dividirmos no sentido de apartação, mas de nos compartilharmos e assim, nos darmos ao outro e no outro nos fazermos novamente uno, um ser comum ainda que diverso. É um dar-se que preconiza a cultura do individualismo como se uma perda fosse, por isso, sofremos para não nos entregarmos, depois, então, conforme passa o tempo e nos percebemos diminutos ao nos privarmos somente a nós mesmos, sofremos por não nos temos arriscado nos dividir, E os lapsos de vazios começam a se tornar cada vez mais constantes e se vão deixando de ser lapso para rotina, sólidas muralhas que desejam ardentemente o trân

É devagar que se vai ao longe

E vou subindo a ladeira. Força. Continua. Falta pouco. Não para. Há um mito acerca da vida na Bahia que não creio ser possível atestar ou desmentir nessa minha rápida passagem por aqui. E, até acho presunção querer fazê-lo. Uma lição, porém, há muito necessária, estou aproveitando nesses dias de descanso e lazer, para exercitar a fim de me desafiar a praticar. É preciso não correr sempre. É preciso viver mais devagar. Como diz o adágio popular: "pois é devagar que se vai ao longe". Chego a Lençóis, Bahia, 420 km de Salvador, às 19h. Informo-me e descubro que pra chegar à pousada da minha hospedagem basta subir um pouco à rua da esquerda que dá num beco, subir o beco até o final e estarei no Alto do Cajueiro, meu destino. Ansiosa ou apenas por força do mal hábito de andar correndo, como sempre e todo dia, apressadamente me ponho à subir. Bastam não mais de 200 metros para que eu me veja em ponto de esgotamento. Coração acelerado, quase saindo pela boca, pulmão em esta

Quero-te amar

Quero-te amar. Somente na quarta-feira poderás amar-me Quando meu corpo em fervura borbulhará em teus lábios para que sintas o sabor da minha eriçada e saboreies o mel dos meus poros. Por hoje Beijo-te lenta e gostosamente e fujo os meus lábios dos teus para que os possa procurar até quarta-feira.

Quanto mais alto estou mais desejo o chão

É verdade, odeio muito, mais bem muito mesmo, voar. Sim, é porque me vejo completamente entregue ao destino, na mais clara consciência da incapacidade de controle sobre qualquer coisa, sobre o vôo. Não, não acho que no chão esse controle exista. Lá, porém, a gente tem mais chances de fingi-lo e é assim que fazemos o tempo todo. Agora, não dá pra negar, há coisas que só podem ser apreciadas assim, daqui do alto, como as nuvens, a imensidão do mundo que cabe nos nossos olhos e daquele que enche cada centímetro do nosso coração ou, daquele que nos faz sentirmo-nos ilimitados na nossa mente. Ah, sim, Brasília, linda, fica incomparável quando olhada do alto. A noite, então! Que coisa linda reconhecê-la! Ali, ali...a Ponte Honestino Guimarães! Lá? Hum, show, a Ponte JK! Nossa, que lindas essas ruas! Quanta luz! Uau! A Península dos Ministros, o Parque do Anfiteatro Natural...a orla tornando-se livre. Orla Livre! A cidade é de uma beleza fora do comum. Seus traços, sua marca de au

Força da Autoridade vs Autoridade da Força

A verdade é que, NUNCA, a autoridade da força significou por longo tempo a força da autoridade. Se formos observar, só os conflitos mais "vistosos" das duas grandes guerras já deveriam, para esta geração, ser suficientes em provar que menos é mais. Mas, não. Terminar a primeira guerra impondo uma humilhação à Alemanha para impedi-la no seu desejo imperialista, tal qual seus pares, não impediu outro conflito mundial. Muito ao contrário, repousaram ali e foram muito bem acolhi dos, todos os sentimentos que rascunharam as ideologias da segunda grande guerra mundial. Séculos e séculos de exploração, dominação, humilhação aos olhos de todos os habitantes desse magnífico e miserável planeta não ficariam reduzidos às lágrimas dos oprimidos. De norte a sul, leste a oste, nas grandes metrópoles e nos rincões desconhecidos, o que a nós vemos é a apenas repetição em escalas diversas, com lastros de alcance diferentes, porém, com o mesmo potencial perigoso e avassalador, espe

Somos sempre mais do mesmo (?)

Somos mais do mesmo sempre. E, às vezes, é  desanimador. Começamos coisas travestidas de nova mentalidade, de avanço no pensamento e modo de ver e organizar o mundo. De repente, damos no mais do mesmo. Os velhos muros entre homens e mulheres, definindo na Igreja. Tipificação de "missão de homem vs missão de mulher", no clássico "cabeça baixa, silêncio e "submissão", continuam sendo erigidos. As velhas cercas de arame farpado que mostram  à juventude  um "novo mundo" - "livre e interativo" - , ao tempo em que a impede de ir além de um metro quadrado de questionamento, sob o risco de sangrar até morrer porque a liberdade vai apenas até o limite da obediência tácita da vírgula que entorta o texto, não a permitindo ser posta em outros pontos da escrita para fazer sentido ao que se lê, e significado ao que se deve viver. Sim, as cercas estão aí, brilhantes no papel de delimitar claramente o "novo mundo" ao mundo velho. A v