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Se...um

Estando vivo hoje o Pastor Martin Luther King, sim, ele era pastor, a que marcha ele iria? Pulando num trio gritando "Deus é fiel", estendendo as mãos em "atos proféticos" sobre a cidade ou chamaria uma marcha por direitos, educação, contra a redução da maioridade penal e estenderia a mão para acudir o oprimido, cumprindo as profecias desde sempre sobre a terra e mostrando eu quero ser fiel como é Deus? Tenho cá com os meus botões que o Pastor Luther King, no próximo domin go, teria como tema do seu sermão uma poderosa exortação para que a Igreja estivesse terça - feira na frente do Congresso exigindo mais educação, menos prisão, assumindo-se pela vida e contra a redução e ele, o pastor Martin, estaria batendo na porta dos gabinetes dos deputados exigindo respeito à Carta Constitucional e na hora da votação, bem capaz estivesse na galeria da Câmara ou no gramado da Esplanada com um megafone bramando pelas causas da justiça.  --- Ps: eu já fiz marchas e mi

Apenas amem

Ele estava muito cansado, física e emocionalmente, a bem da verdade. Os últimos dias, especialmente desde a sua chegada aos arredores de Jerusalém, não estavam nada fáceis. Não bastasse a dor de ver o sofrimento do povo, a exploração da fé de todos ali, a inabilidade dos discípulos em lidar com a miséria e a violência, ainda lhe pesavam as próprias dores, da responsabilidade,  da missão, do que estava por vir, a solidão e como doía a solidão! Então ele resolveu abraçá-la, a solidão, já que nada poderia fazer contra ela. E procurou um jardim, embora sombrio aquela noite, denso e absolutamente pesado - talvez por antever o que logo aconteceria ali,  era um jardim. Ele tremia e não era frio. Talvez nem frio cobrisse aquelas regiões por aqueles dias. Ele estava gelado e só,  ainda que três dos que o acompanhavam fazia três anos, estivessem por ali,  mas distantes, essa era verdade. Ele estava só. As trevas dominaram violentamente aquela noite enquanto ele gemia. Só.

Sobre liberdade

É muito chato quando a gente usa uma liberdade que não tem. É uma coisa profundamente vergonhosa. Outro dia eu usei, no trabalho, uma liberdade que não tinha - pelo menos não naquele contexto e momento - e quando a minha chefe me deu um risinho de reprovação bem discreto. eu quis me enfiar debaixo da mesa, fiquei profundamente envergonhada. Ainda bem que me toquei. Sabe uma liberdade que o Cristo não nos deu? Condenar os "pecados sexuais" dos outros. Embora Ele nos tenha dado, por exemplo, a liberdade de "condenar" os desvios de caráter dos corruptos. Sim, porque a corrupção é desvio de caráter, quase sempre. Enfim... À mulher pega em flagrante adultério Ele disse "filha, deixa o meu amor te tocar, deixa eu te amar...vai...e nesse amor siga em paz o teu caminho,...siga o caminho do meu amor". Aos corruptos do templo, que zombavam da fé do povo e corrompiam aquele culto, ele puxou o chicote e saiu quebrando tudo. A gente diria, "nervosinh

Ele se compadeceu de nós e o que isso nos ensina?

O Evangelho deve querer nos ensinar alguma coisa quando, diversas vezes, destaca: "e Jesus olhando a multidão com fome (ou sofrida ou à procura de um milagre...) compadeceu-se dela...", porque uma multidão de famintos é, essencialmente, uma multidão de solitários, uma vez que na comunhão não há quem tenha falta. Já a multidão de famintos é resultado de um ajuntamento de pessoas, cada uma buscando o SEU milagre, a SUA cura, a SUA prosperidade, o TORNAR-SE mais que vencedor, o  FAZER-SE cabeça e não calda... Falta-nos olhar as multidões formadas pela mulher siro-fenícia, aquela outra de muitos maridos e ainda assim sem nenhum, o religioso que não via sentido na sua religião e tinha medo de assumir isso, o louco de Gadara, o Lázaro, o centurião desprovido de poder, o coxo e seus quatros amigos, o Zaqueu - ladrão..."metáforas" de nós todos e buscar compreender o que é essa COMPAIXÃO. Um dia ouvi que o Cristo ensinava com palavras, atitudes e sentimentos. É, acho

Sobre facas, facadas, sangue, vingança e demonização

E se invertêssemos a lógica operandi e demonizássemos a nossa irresponsabilidade social e descompromisso ético e político com o nosso país? É fato quase certo, enfim, tomaríamos perfeita ciência de que nos pesa repensar valores e preços e assumir uma nova postura no firme propósito de construir a cidade e o país que desejamos aos berros e desprezamos em ações cotidianas. O que não nos despertou a fazer a imperiosa necessidade do exercício diário da generosidade, da solidariedade, do espírito coletivo, da justiça, da equidade, as facas, facadas, o sangue e a vingança nos impõem hoje, mais uma vez. Mas a quem demonizaremos? Uma manchete. Um mundo de histórias. Um grito. Uma vergonha. "Duas tragédias antes da tragédia 15 passagens pela polícia. A primeira quando tinha 11 anos. O pai, ele só viu duas vezes. A mãe, catadora de latas, foi indiciada por abandoná-lo com fome na rua (...) desistiu dos estudos no sexto ano..." De quem é a conta de tantas tragédias, aque

“Reduzir a Maioridade Penal é Retroceder no Processo de Efetivação de Direitos”

Em meio a tantas ofensivas conservadoras no que diz respeito aos direitos das minorias, das crianças e adolescentes e a discussão no Congresso Nacional sobre uma possível redução da maioridade penal, o Correio da Cidadania conversou com três responsáveis pelo Sefras Cárcere – a coordenadora do projeto, Camila Gibin, a assistente social Aline Dias e o Frei Alex Ferreira – a respeito do trabalho que desenvolvem dentro dos presídios. Na conversa, discutimos questões que permeiam o sistema penal e prisional. O Sefras – Serviço Franciscano de Solidariedade – existe há 15 anos e desde o final de 2011 tem um grupo denominado Sefras Cárcere dentro dos presídios e das unidades da Fundação Casa. Trata-se de uma iniciativa socioeducativa que tem como foco discutir questões da sociedade e temas da atualidade de maneira crítica com os internos. O objetivo principal é criar espaços de convívio com a população presa e desenvolver reflexões e pensamento crítico a respeito dos temas propostos.

“Exame de Consciência”: A Bíblia e a Redução da Maioridade Penal

Algumas Igrejas têm o bonito costume de propor a seus fieis que de tempo em tempo façam seu “exame de consciência”. Às vezes essa prática reforça o sentimento de culpa. Em outras situações, trata-se de oportunidade de revisão de caminho escolhido, de mudança verdadeira, de conversão. Sou convidado/a aqui a fazer meu “exame de consciência” sobre o que desejo para nossas crianças e adolescentes e, pelo fato de ser pessoa cristã, como a Bíblia tem me ajudado nesse propósito. Se desejo saber se estou fazendo uma boa leitura da Bíblia, devo conseguir responder afirmativamente a perguntas como estas: Quando leio a Palavra de Deus, sinto aumentar em mim o desejo de amar e acolher o diferente e de aprender com ele? Minhas meditações bíblicas têm me levado a acreditar mais nas pessoas, mesmo quando elas erram ou cometem crimes? Sou capaz de acreditar na capacidade que um adolescente tem de se recuperar quando ajudado por mim e pela sociedade? Tal como Jesus, sinto vontade de amar e acolher a