O Evangelho deve querer nos ensinar alguma coisa quando, diversas vezes, destaca: "e Jesus olhando a multidão com fome (ou sofrida ou à procura de um milagre...) compadeceu-se dela...", porque uma multidão de famintos é, essencialmente, uma multidão de solitários, uma vez que na comunhão não há quem tenha falta. Já a multidão de famintos é resultado de um ajuntamento de pessoas, cada uma buscando o SEU milagre, a SUA cura, a SUA prosperidade, o TORNAR-SE mais que vencedor, o FAZER-SE cabeça e não calda...
Falta-nos olhar as multidões formadas pela mulher siro-fenícia, aquela outra de muitos maridos e ainda assim sem nenhum, o religioso que não via sentido na sua religião e tinha medo de assumir isso, o louco de Gadara, o Lázaro, o centurião desprovido de poder, o coxo e seus quatros amigos, o Zaqueu - ladrão..."metáforas" de nós todos e buscar compreender o que é essa COMPAIXÃO.
Um dia ouvi que o Cristo ensinava com palavras, atitudes e sentimentos. É, acho que nos falta olhar o mundo com o coração compassivo. O coração compassivo certamente gerará em nós novas atitudes, para além da pressa e rispidez do cotidiano atarefado; gerará em nós palavras para além da disposição fria da condenação tácita, do distorcer a justiça pela sede de vingança.
Compaixão, esse mistério que muda destinos, que faz nascer esperança, que estanca as sangrias das dores da existência e os odores da nossa desumanidade.
Compaixão, essa força sobrenatural que está aqui, bem pertinho, dentro de nós desejando se tornar real a partir do nosso olhar.
Ele se compadeceu de nós e o que isso nos ensina?
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