Sempre tive certo preconceito com "pessoas felizes". Não acredito na felicidade, assim, como se propaga e nos é vendida. Acredito no estado de felicidade, por exemplo, que nos invade diante de uma criança sorrindo ou fazendo aquelas perguntas ou argumentações que nos tiram o chão, nos desnudam e nos colocam no lugar da insignificância - o único que nos pertence no final das contas. Acredito no estado de felicidade que se apodera do nosso olhar frente à delicadeza ou poder incomparável da natureza, em cores, formas, sabores. Ou ainda, nos acordes musicais, na poesia, nos mistérios da lua, no silêncio. O estado de felicidade nos provoca pensamentos, nos orienta, nos impulsiona a ações mais gentis, mais humanas, nos faz cambaleantes e nos inspira a buscar novo ciclo feliz. Às vezes nos paralisa também. O estado de felicidade é tão poderoso que parece se eternizar. Mas não creio re...