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Sobre Golpes

Sim, é bem possível, como se vê (ou como disse em entrevista a ex-Presidente Dilma), que a América Latina esteja voltando ao Neoliberalismo e é  certo, lamentavelmente, que por aqui,  na Terra Brasilis, quem colocou a chave na ignição, deu partida e acelerou a marcha, ladeira abaixo nessa direção, foram os que se diziam do povo e pelo povo e para o povo.

Isso sim, É GOLPE.
Aí está uma das principais razões porque não aderi àquela tese de marketing de desespero (?), ou faz de conta pra querer alguma dignidade na queda (?), de golpe.

Sim, vivemos temos sombrios de retrocessos de toda ordem e eles fazem parte do mesmo podre pacote em curso no golpe silencioso que nos ocorria desde muitos anos, quando as almas foram vendidas por nacos de poder - de um lado os que se enebriaram, do outro, os que jamais consideraram a possibilidade de sociedades menos desiguais - e fizeram-se irmãos siameses, mesma alma, mesmo corpo, mesmo chão, mesmo tom de vibração, mesmo cálculo padrão de ação, mesma voracidade contra o povo que ainda não conseguiu se fazer nação.

E chegamos a isso. E ainda nem é o fim.

Isso não significa que devamos apenas sentar e chorar. Não, talvez seja o melhor momento possível, quando a crise nos deixa sem chão, para nos repensarmos cidadãos e repensarmos a quem temos feito nossos representantes e a quem temos confiado nossas instituições.

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