A guerra sempre existiu, apenas uma densa camada de ignorância a encobria.
A guerra sempre provocou enlouquecedores uivos de dores, que eram contidos com um sopro de pequenos favores ou simples tapar dos ouvidos daqueles a quem os gritos causavam desconforto. Mas a guerra, incontida se tornou e eclodiu com força além do que se podia imaginar.
A guerra desceu os morros, rompeu as barreiras dos barracos empoeirados e fétidos e tomou as ruas das cidades, e do campo.
Foi o sistema insano que idolatramos como o ápice do progresso que alimentou a guerra e pôs-nos, como ocorre em uma guerra, uns contra os outros, dessa vez de forma tão clara que não se pode negar.
Sangramos pela ruas, vielas, no campo, nas cidades.
Tomamo-nos em desespero e o nosso lugar de descanso é a descrença, pois a guerra fez cair a cortina das nossas instituições e, embora nos custe admitir, somos dirigidos por uma organização política falida e o que poderia ser a nossa salvação e escape social, a esperança na construção de novos dias através de processos democráticos que promovem a justiça e o direito, foge-nos a galope porque se descaracterizou e não pode atender aos anseios da coletividade, senão os seus próprios.
A guerra nos dizimou a zumbis, ávidos pelo sangue uns dos outros.
A guerra empalideceu a compreensão de vida em sociedade, um conjunto e não ilhas isoladas.
Ei, Esperança, precisamos - DESESPERADAMENTE - de você.
Ei, Esperança, dá-nos outra vez a oportunidade de segurarmos a tua mão, precisamos sentir o teu calor outra vez.
Ei, Esperança, as nossas mãos calejadas, que a nós mesmos esmurra, séculos e séculos, precisam sentir a maciez das tuas mãos.
Ei, Esperança, as nossas vestes, agora trapos, manchados do sangue dos nossos irmãos, nos envergonham e nos lembram a nossa desgraça, por isso precisamo-nos vestir de ti outra vez.
Não há sabor na violência e preconceito que escorrem da nossa boca. Nós precisamos voltar a nos deliciar em ti, Esperança.
Ei, Esperança, volta!
Ei, Esperança, não nos deixe morrer!
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