Formar e revelar quadros políticos para apresentarem ideias, propostas e caminhos, alternativas e soluções aos principais dilemas da sociedade, deveria ser dos principais papéis dos partidos. Já não é. Faz tempo. Especialmente nos partidos progressistas.
Há algo muito errado nisso, sério e precisa ser problematizado. As direções partidárias deveriam se questionar sobre o que há quando precisam, necessariamente, recorrer aos seus anciãos para disputas eleitorais ou não elegem.
Precisam fazer profundo diagnóstico das razões de suas instâncias estarem sempre ocupadas pelos mesmos rostos e as mesmas assinaturas definindo o que pensar e fazer dos partidos partidos.
Precisam pensar porque se ofendem dirigentes cobrados a que anciãos deem espaço aos jovens e assumam com honra o lugar de anciãos. Não é demérito. Muito ao contrário. E não é desvalor aos velhos que jovens requeiram espaço para errar, inclusive. É também assim que se aprende.
E sobre erros, aliás, é preciso que jovens tenham os seus próprios. Liberdade para repetir acertos das gerações anteriores e ter seus próprios tropeços e erros. Não há evolução na repetição de erros.
Mas as lideranças políticas se fizeram também policialescas e não saem das portas partidárias. E como cães de guarda raivosos dilaceram as pernas de quem deseja andar sem tutela. E ladram o tempo todo, para silenciar, quem ousa exercitar a própria voz.
Resultado? Incapacidade de diálogo com a sociedade e a consequência disso, baixa mobilização, ausência de novas lideranças ou apenas pessoas tuteladas em atuação política. Ou seja, rasas e fracas. Suscetíveis a toda sorte de manipulação. Incapazes.
Isso é vergonhoso aos partidos. E acelera a leitura social da sua desnecessidade. Lideranças que não formam novas lideranças deveriam se envergonhar. Instituições que dependem de únicas grandes lideranças dizem de sua mediocridade.
Daqui do meu pequeno espaço penso que todas as pessoas que exercem liderança política, a partir de todos os níveis em que a fazem, precisam refletir profundamente sobre isso, e assumir seu quinhão de responsabilidade quanto ao empobrecimento dos partidos na formação de líderes.
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