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Encontrei meu lugar de paz

Encontrei meu lugar de paz. Acredito.
A vontade é fazer um branquinho aqui. Sentar. Sentir. Observar.

Atrás fica a cerca, a rua. Calma.
À frente, diria, um pequeno vale, a casa, e lá, ao distante, mas nem tanto assim, a serra, montanha, um pico não qualquer que me lembra a infância.

E aqui resgato os meus melhores sentimentos, minhas mais significativas alegrias, meus mais desafiadores sonhos.

Tenho risos tímidos, gargalhadas, palavras dançando na minha sala, na cozinha, no quintal, o tinlindar de taças amigas, mesmo em telas, e as minhas nos meus momentos comigo mesma, a vida em incontáveis formas e algumas me arregalam os olhos. Tenho batuques em silêncio e os que mecanicamente opero. Tenho os silêncios, estes todos que me povoam e gritam aqui, na mente, no corpo, no espírito viciado em não aquietar.

E me torno, refaço, reconstruo em todas as desejadas descobertas não necessariamente desconhecidas, alcançadas agora pelo olhar, no sentir da plumagem do tempo e tantas das suas formas.

Encontrei o meu lugar de paz.
Nem sei explicar.

Usufruo.
Agradeço.

As gotas d'água, as flores, o mato, as pedras, a terra, os bichos, o sol, a lua. O silêncio.

E como é delicioso o silêncio.
Dos meus medos, das raivas, das intrigas, dos desassossegos, das vozes ruidosas, confusas, cheias de infestações.

Encontrei o meu lugar de paz.

Repouso.
Descanso.
Trabalho.
Sentido.
Força.
Serviço.
Potência.

De existência.
Significar.

Ser.

Encontrei o meu lugar de paz.
Aqui, neste chão sobre o qual firmo os meus pés.
Ali e acolá, noutras terras em que o meu coração se inspira.

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