Eu amo essas peças de vida, contorcidas.
A gente olha e não dá nada. Despreza. Sentencia feiúra.
É que a gente valoriza os invólucros. Idolatra a aparência que nos é vendida padrão.
E despreza conteúdo. Não compreende a potência das raízes.
Então a gente constrói sobre a areia fofa, que tem o seu lugar. Não para base. Não a algo que se deseja perene.
O que esse tempo nos tem ensinado?
Da solidão. De multidões emocionais nos cubículos da nossa alma, todas juntas e ao mesmo tempo, agora e sem pedir licença, sem aviso-prévio, sem agendamento. O quanto a solidão nos importa? Por que nos importa? O que nos constrói e desconstrói? Por que a tememos? Para que a veneremos?
Da presença. Das milhares de vozes humanas em laços familiares dos quais nos desacostumamos porque a era do cada um por si virou grito de independência e solidez social. Plástico?
Das impercepções das almas, método de existir de distantes que regia nossos dias e que agora nos cobra a conta da desconexão e o não saber o que fazer com a mão vazia, solta, fria.
O que somos afinal?
O que nos tornamos?
Do que somos feitos?
Corpo, alma, inteligência, ambições, sonhos compartilhados, sorrisos que se desmancham lágrimas. Em que medidas as tintas da vida nos pintam ante o universo inescrustável e nos fazem quadros de um tempo ou arte universal?
O que ainda há de nós em nós?
Somente as raízes poderão dizer.
Somente raízes poderão nos gerar mais amanhecer que nos permita frutos e a eternização desejada,em sonhos, em esperança, legados humanitários. Em outras vidas.
Somente as raízes nos podem revelar origem e continuidade.
Somente as raízes de quem somos.
E nada mais.
Nada mais.
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