A mordomia cristã deveria começar pelo cuidado à criação - a
Terra, habitação comum que nos foi confiada e seus viventes, de todas as
espécies - de onde derivariam os êxitos da nossa caminhada.
O grande desejo do Criador é que, refletir a sua natureza
seja o ponto de partida da nossa caminhada. E assim, que nos tornemos capazes
de cumprir a nossa primeira missão: cuidar da criação e orientar as nossas
escolhas, ações e reações a partir dessa referência.
“O Eterno levou o homem para o jardim do Éden, para que cultivasse o solo e mantivesse tudo em ordem.” (A Mensagem)
Tudo era muito bom e Ele se alegrou nisso. Havia ali, no
jardim, a expressão da sua natureza, em detalhes. Cores, formas, sabores. Um
sistema completo e eficiente de cooperação para a manutenção do fluir da vida
em sinergia, interdependência e equilíbrio.
E Ele nos fez mordomos.
Sob a clara orientação de mantermos a ordem do Éden, deu-nos
a Terra por habitação e fez nossa responsabilidade primordial, o cuidado dela e
de toda a criação. Por missão pôs-nos administradores dos recursos naturais, a
fim de fazermos seu manejo sustentável, perpetuando todo o bem criado, dele nos
alimentando e nele coexistindo de modo saudável.
Todavia, só podemos cumprir tão grandiosa missão, quando a
essência da natureza divina encontra espaço em nós, para desenvolver-se.
A nossa caminhada desconectada da natureza divina é regida
pelo espírito do século - que quebra os ciclos do ordenamento do jardim, para
criar ciclos de exploração, dominação e competição. Isso nos degrada, degrada
ao próximo, degrada a saúde da terra e nos deixa também enfermos. É assim, o
modo de vida a que temos nos submetido.
Em Mateus 5:9, o Cristo assevera: “Abençoados são vocês, que conseguem mostrar que cooperar é melhor que brigar ou competir. Desse modo, irão descobrir quem vocês realmente são e o lugar que ocupam na família de Deus.”
A primeira consciência que se espera de nós na experiência
da nova vida em Cristo é, portanto, olhar para a lógica do ordenamento do Éden
e nos colocarmos em missão, outra vez, como mordomos - administradores fiéis da
habitação que nos foi confiada, orientados a uma outra postura em relação à
criação - em que o cuidado é o paradigma das relações humanas e para com todas
as outras formas de vida.
O Paulo diz que toda toda “...a Criação sofre restrições na expectativa da manifestação da natureza dos filhos.” (A Mensagem)
Restabelecer, portanto, a lógica do cuidado - como norte na
trajetória e parâmetro para as escolhas é o convite que o Espírito nos deixa à
porta hoje. A ele precisamos atender com urgência, cientes de que a anunciação
do Evangelho, tão mais eficaz será, quando encontrar em nós o registro de que a
boa nova dita é real em atitudes e não trata apenas de palavras de um novo
tempo que não virá, se não construído agora, porque cuidar da criação é a
condição elementar para cuidar das criaturas.
Comentários
Postar um comentário