Quando a força bruta é a premissa semeada no espaço pedagógico, sua lição não tarda germinar e em se reproduzir.
Ainda nos faltará muito para compreender que o simbolismo comunica com muita eficiência?
A escola é o espaço da irmandade, da colaboração, da coletividade para o aprendizado saudável e de melhoramento das pessoas. Uma comunidade humana que tem problemas e fissuras relacionais como qualquer outra.
Justamente por seu caráter pedagógico em tudo - estrutura física, sistema organizacional, operação de rotinas, conexões entre seus entes -, é a escola um campo fértil às práticas nela semeadas, especialmente sob a chama simbólica, que nunca demoram a germinar e a se reproduzir.
O respeito semeado pela cultura da paz e do reconhecimento de valor à diversidade e da resolução de conflitos através do diálogo floresce em espaços, ambientes e em pessoas movidas a se desafiarem a novas posturas quando feridas na alma, confrontadas em seus erros, desabonadas em suas opiniões.
De outro modo, o respeito semeado a partir da cultura do medo e do silenciamento das diferenças, se reproduz em intolerância exacerbada, na indisponibilidade à mediação de conflitos e na resolução de problemas pela via da violência. É como uma força reprimida que extrapola o controle autoritário que a condicionou e se manifesta em grau exponencial, ao ímpeto de poder recebido.
O Governo do Distrito Federal usou da força em seu estado mais bruto ao iniciar o processo de militarização de escolas no Distrito Federal. Sem diálogo, sem projeto pedagógico, sem construção coletiva com as comunidades escolares, sem discussão com a sociedade. Apenas o poder da caneta. Dos atos mais violentos que o Estado pode aplicar às comunidades humanas que, afinal, são a razão da sua existência.
Obviamente, não tardaria para que a violência que suprimiu desses espaços pedagógicos a lógica da solidariedade como meta relacional a ser construída, apresentasse o resultado de que a presença militar no espaço escolar não é o remédio aos conflitos das comunidades que fazem esses espaços vivos.
A militarização das escolas, tal como feita e imposta, é só mais um remédio inadequado aos conflitos sociais que governos e sociedade teimam não encarar com a seriedade necessária.
O episódio de hoje, no Centro Educacional 07 de Ceilândia, é clara sinalização de que o caminho escolhido está errado.
Por hora, foi um episódio de aplicação de força desmedida, mas diz muito sobre outras ações praticadas às escuras, no submundo do silêncio imposto a esses espaços e pode ser um sinal de coisas muito ruins a eclodirem com resultados bem mais trágicos que a humilhação de um estudante ao chão e o desserviço da violência policial naturalizada como baliza para a resolução de conflitos.
Não podemos fingir não ver e insistir em não nos importar com a reprodução da violência do Estado nas ruas, também no sagrado espaço do aprendizado, a Escola.
Não podemos fingir não ver e insistir em não nos importar com a reprodução da violência do Estado nas ruas, também no sagrado espaço do aprendizado, a Escola.
A ordem autoritária não sustenta respeito.
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