Depreciação e Supervalorização da Pessoa Humana. É bem possível que ambos façam mal na mesma medida.
Crescemos não recebendo valorização de capacidades, na adolescência e juventude a semente brota em incapacidade de se perceber e adultos, nos depreciamos sem que ninguém mais precise fazer isso.
Alguns, após alguma convivência conosco, nos repetem incontáveis vezes sobre os nossos talentos, as nossas capacidades extraordinárias. Mas é quase tarde. É uma luz que brilha para fora. Aqui dentro a gente continua não sabendo como lidar com elogio e, pior, em como tornar em algum justo e lícito benefício para nós mesmos, todas essas capacidades e talentos por outros, repetidas vezes, percebidas. Ou ao menos parte.
Em paralelo, quase sempre, esses casos são acompanhados pelo espírito de escada suja. Quando há sempre alguém beneficiado pelo que somos capazes de fazer, todavia, a escada jamais é louvada quando se chega ao objetivo do esforço, tão somente as pernas que a escalaram.
E o tempo vai passando.
Do outro lado, crescemos ouvindo coisas boas sobre o que somos e podemos. Acreditamos nisso porque nosso interior foi bem regado. Crescemos tão potentes que prepotentes nos tentamos tornar, considerando que os limites são apenas mais um estímulo na longa competição do existir. Todos eles.
E o tempo vai passando.
O caminho do auto-conhecimento é complexo e desafiador, doloroso e desestimulante, quase sempre.
O meu caminho me impõe elevar significativamente a minha valorização pessoal. Sou grata pelo despertar, ainda que já há tantas léguas percorridas. Mas não podem ser falsas tantas vozes, ao longo de tanto tempo, sob tantos cenários, reconhecendo e louvando capacidades que minha postura nega, quando não os meus próprios lábios. E confesso, talvez tenha mais a ver com tanta gente meia boca sendo louvada, quando se sabe que não é bem assim ou, noutro ponto, escalando sobre tantas pessoas, ou ainda, porque você começa a se perceber desprezando a inteligência, capacidade de articulação, criatividade e poder de realizar com que foi presenteada pela vida.
Antes tarde que nunca, não é assim que dizem?
Meu grande desafio é a busca por não fraquejar no processo de aprender a andar, equilibradamente, no caminho da valorização pessoal sem ensoberbecer.
E preciso aprender a dizer: eu sou boa sim, me respeite.
"É preciso saber viver."
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