A sala escura e silenciosa as vezes faz bem, outras vezes nem tanto. Quase sempre, na verdade, ela traz uma mistura disso tudo para ser real, no imaginado.
Medo, dúvidas, lágrimas e muitas saudades do que não foi e do que poderia ser, orbitam a mente.
Mergulhamos na insistente mania de querer desvendar as coisas sobre as quais não temos controle, as experiências não vivenciadas, os anos que passaram ao largo da nossa existência.
E dói.
A distância que criamos de nós mesmos, tão extensa e pedregosa que nos custa andar por ela e adiamos a caminhada ao encontro de nossa identidade. Esquecemos quem de fato somos, o que realmente faz sentido para nós, o que nos faz acordar todo dia e o que nos dá leveza para existir mais uma vez e outra vez, nesse ciclo nominado vida.
Afinal, o que somos? Ou o que esse rodopiar de ciclos ou rotinas incontroláveis fez e faz de nós?
Impossível dizer se nos perdemos ainda antes de nos percebermos em ciclos.
E seria essa percepção de visita não programada, uma, duas, vez ou outra a luz que deseja se acender na sala?
E o que restará, na sala, se plugarmos a lâmpada e a deixar quebrar a sombra, nossa proteção?
Haverá ordem? Que ordem?
Coisas, objetos espalhados, quebrados?
A poeira do passado estará sobre tudo?
Registros do cotidiano nebuloso estarão rasgados dispostos por todos os lados?
Que sujeiras virão à tona sob a luz?
Medo, dúvidas, lágrimas e muitas saudades do que não foi e do que poderia ser.
A escuridão protege fracos e fortes e os coloca em pé de igualdade. Melhor tê-la, então, escondendo as bagunças previsíveis, apagando as falsas expectativas de um bem não alcançado.
A noite já vai alta.
Durmamos mais numa vez sob o manto da escuridão que esconde as lágrimas tão bem quanto aos risos falsos.
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