A liberdade é controversa, paradoxal muitas vezes e, absolutamente misteriosa. Eu a valorizo profundamente e me aplico com sincero e responsável compromisso de vida, por tentar compreendê-la e exercitá-la.
Confesso. Hoje (e já tem 6 anos), faço menos "orações" e nelas não consigo sair do enredo: pedido de perdão dos pecados que cometo todo dia, pedido de renovo da graça e misericórdia do Criador sobre a minha vida, resgatando a minha humanidade, e agradecimento. Muito raramente consigo ir além disso e acho que nisso está tudo. Sei lá.
Há 6 anos, depois de servir numa congregação evangélica por 7 anos, como pastora, e outros 6 anos em outras tantas funções, deixei aquela "comunidade". Muita coisa tem rolado debaixo da ponte desde então e tenho tentado olhar para dentro de mim para me exercitar em conhecer as minhas podridões, tanto quanto o que há em mim que possa ser útil para a minha geração, em serviço.
Eu era absolutamente apaixonada, dedicada, inteira no exercício de todas as responsabilidades que ao longo daqueles anos todos me foram confiadas. Aliás, NUNCA consegui estar em algo ou algo fazer sem ser inteira naquilo.
Nesse processo de afastamento daquele universo no qual estive a vida toda mergulhada, me fiz muitos questionamentos e tenho descoberto que a principal coisa que me levou a romper com aquilo foi enxergar que eu já não era livre, que minha inteligência era manietada e eu tinha virado marionete.
Liberdade.
Sem ela a gente vai perdendo, pouco a pouco, a cor da pele, o brilho dos olhos, a força dos sonhos, a capacidade de esperançar e assim, de se transformar e transformar os mundos que toca.
Liberdade.
O bem mais precioso que podemos conquistar.
Quando entendi isso e finalmente, não sozinha, é preciso dizer, conseguir romper com uma série de coisas que me envolviam, cravei um memorial no meu coração, em que eu assumia a responsabilidade comigo mesma de nunca mais me deixar manietar, manipular, aprisionar e desprezar a liberdade que me foi dada ao receber a vida.
Duro exercício. Especialmente porque grande parte das vezes nos fazemos escravos de nós mesmos, do nosso egoísmo, da nossa arrogância, da nossa intolerância, da nossa estupidez.
Isso é uma cilada e tanto.
Algum rapper já cantou: "contra você, é você contra você mesmo, você é seu pior inimigo, seu pior pesadelo."
Pois é. Tenho dois inimigos: a minha natureza torta e os tiranos que fora de mim habitam.
Tenho duas guerras: vencer a mim e não permitir que os tiranos, monstros que se alimentam e se agigantam na medida em que devoram a liberdade alheia, se façam senhores da minha alma e me tomem a liberdade.
Liberdade.
Eu a entrego, muitas vezes, às causas que me possuem, mas não à deixarei ser tomada de mim por aves de rapina que se aproveitam das gentes distraídas.
Liberdade, incluo na minha oração, ó Eterno, que me ajudes a preservá-la, a entregar-me por ela e a dá-la somente em prol daquilo que vier dos valores que o dinheiro e o poder do homem não toquem e não possam comprar.
Minha liberdade de pensar não está à venda, por nada, nem por ninguém.
Tenho um patrimônio: um computador. E um bem intangível e de valor imensurável: liberdade.
O computador poderá estragar ou ser roubado e, necessariamente em algum momento será obsoleto. Minha liberdade, somente eu posso dá-la e farei tudo o que ao meu alcance estiver, para que assim seja. Amém!
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