Ouvir Marina Silva e acompanhar as suas práticas políticas é um exercício e tanto de aprendizado. Ela é uma pessoa ímpar, por isso procuro prestar bastante atenção ao que diz, matutar, refletir, observar a congruência do seu discurso e prática e absorver o que a minha própria consciência orienta.
Admiro especialmente o esforço a que ela se impõe, assim vejo, para que as pessoas se assumam cidadãs responsáveis pelos próprios destinos e para que percebam o quanto isso concorre para o destino coletivo.
Admiro a visão de liderança que estimula as pessoas à emancipação.
Admiro sua capacidade de provocar processos de pensamento com falas instigantes como quando diz:
"Pessoas virtuosas constroem instituições virtuosas que corrigem as pessoas quando falham em suas virtudes".
Tenho pensado muito sobre o significado e importância disso e, se e como temos nos desafiado a perceber o valor de, no processo democrático e na relação das forças políticas com a estrutura do Estado, em que ambos deveriam nortear ações e reações pelo serviço à sociedade, se esse exercício tem sido praticado ou não.
Penso que uma força política não deveria sequer considerar usar a estrutura do Estado desvirtuando os processos de ação para favores eleitorais, por exemplo. Mas sabemos que é o fato mais comum.
Por outro lado, acredito que seja absolutamente legítimo que as forças políticas que fazem a gestão do Estado, ao entregarem as missões cumpridas, se vejam em cada ação executada e tenham reconhecimento da mobilização para o acontecer (que, obviamente se faz a muitas mãos).
Exatamente por isso os cidadãos precisam ficar muito alerta e acompanhar com lupa a ação das forças políticas no Estado, tanto quanto de cada servidor em carreira estatal.
A sociedade deveria, DE MODO MUITO ESPECIAL, também acompanhar milimetricamente, a ação de cada parlamentar, pois não há execução de política pública sem as casas legislativas e, se há promiscuidade nas relações Executivo e Legislativo (e há, quase sempre), sejamos honestos, é porque os nossos legisladores são quase sempre promíscuos ou, no mínimo, SÃO TAMBÉM promíscuos. Pois, se um Executivo não é republicano, mas as casas legislativas são, elas enquadram o Executivo em alguma esfera procedimental, se não, ao menos pela fiscalização, seu papel por excelência.
Também, não podemos, claro, esquecer a nossa parcela, sociedade geral, que elegemos representantes e os fazemos nossos plenos procuradores, donos absolutos de nossa voz, braços e pés. Possuidores da nossa autonomia.
É bom sabermos e não esquecermos jamais: não existe cidadania sem pessoas emancipadas e capazes de olhar, ouvir, refletir, decidir.
É salutar sabermos, também, quem são os agentes políticos que gerem o Estado, seus compromissos COLETIVOS em torno da coisa pública e suas ações individuais, se ao serviço público estão submetidas. É preciso refletir sobre seus projetos e o que os guia, quais compromissos orientam suas tomadas de decisão e o quanto estes agentes estão comprometidos com os valores que representam, expressos em seus atos, no público E no privado, e não na cobrança ao outro que não assumiu possui-los.
É preciso, cidadãos amigos da terra brasilis, que desenvolvamos capacidade de analisar, minuciosamente, se os agentes políticos, estejam no Executivo ou Legislativo, estão trabalhando para a construção de instituições públicas virtuosas ou apenas e tão somente usando-as para mais um pleito eleitoral em favor do próprio o nome, o que se faz na manipulação do aparelho de gestão, tanto quando no manuseio de leis (criada ou emperradas) e no jogo com as necessidades mais latentes da população.
É preciso não aceitarmos, nobres amigas cidadãs, que os agentes políticos façam das estruturas do Estado seus serviçais, pois a missão é justamente em contrário, servidores públicos (de carreira ou não, políticos ou não, com mandato eletivo ou comissionados) a serviço da sociedade pela construção de instituições que vão além dos prazos eleitorais, desenvolvendo políticas para além do curto prazo dos políticos, como tantas vezes também repete Marina Silva.
Se o compromisso é a política como serviço e as novas práticas do legislar e executar, então, pelo menos para mim, essa pobre cidadã em desenvolvimento, focar os esforços na construção de virtudes e virtuosas instituições é a meta.
A sociedade, assim esperanço, está aprendendo a separar o joio do trigo e o serviço, não os sorrisos, lhe será validação ao tão sonhado voto.
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