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Enfim, o adeus!

O futuro não é o resultado de escolhas entre caminhos alternativos oferecidos pelo presente, e sim um lugar criado. Criado antes na mente e na vontade, criado depois na ação.
O futuro não é um lugar para onde estamos indo, é um lugar que estamos criando.
Os caminhos não são para serem encontrados e, sim, feitos. E a ação de fazê-los muda ambos, o fazedor e o destino" (John Schaar)
Assim, acredito.
Depois de quase três anos intensos, contribuindo na assessoria da presidência do Instituto Brasília Ambiental, com trabalho duro, forte, firme e buscando ser o mais consistente possível para colaborar na construção do futuro no qual acredito, sobre uma estrada de múltiplos encontros de saberes, necessidades e oferecimentos de contribuições incontáveis, fez-se o adeus oficial.
Gratidão!
Meus horizontes se ampliaram, como eu nem imaginava.
Aprendi bastante sobre esse pedaço da nossa casa comum, o DF, e muitas das suas demandas e do que esse pedaço de chão que ousamos chamar de nosso, muitas vezes na mais absoluta arrogância de quem se acha dominador, significa e tem a oferecer e o quanto o estamos exaurindo.
Aprendi um pouco mais sobre o Estado e o funcionamento da máquina pública e suas implicações, às vezes incompressíveis e quase sempre incapazes de atender à urgência da dinâmica social.
Aprendi muito sobre gente, ali, no cotidiano interno da instituição e também em razão de todas as questões com as quais temos que lidar. Gente que se doa, gente responsável e com efetivo compromisso com a missão do serviço público, gente competente, gente disponível para processos de novos aprendizados. Tanto quanto aprendi sobre gente inescrupulosa, viciada na adoração ao próprio ventre, gente sem cura pra alma adoecida. Guardo as primeiras. Vigio-me para não me assemelhar as segundas.
Doei o melhor de mim no que fiz, em cada uma das intermináveis horas de trabalho de segunda a sexta-feira, das 9h (muitas vezes antes disso) a sabe-se lá até que horas, e em muitos, muitos, muitos sábados e domingos.
Eu que já conhecia significativamente o território urbano do quadradinho, pude conhecer novos lugares e revistar todos os que já faziam parte do meu repertório de andanças, agora com um novo olhar, uma nova perspectiva e ampliada compreensão dos seus significados.
Agradecida sou ela experiência. Feliz pelo amigos que fiz e por todas as novas conexões criadas. Espero ter deixado boas sementes e que elas frutifiquem.
Gratidão sem medida a Jane Maria Vilas Bôas, pela confiança e oportunidade de ter participado da sua gestão - o que muito me enriqueceu, humana e profissionalmente. Testemunho sua capacidade, entrega, honradez, compromisso, responsabilidade ímpar com o serviço e missão pública que lhe foi posta à mão para gerir nesse período. Todas as vezes que lembro de Marina Silva falando sobre a necessidade de 'pessoas virtuosas criarem instituições virtuosas, a fim de que estas instituições corrijam as pessoas que falham em suas virtudes', tenho certeza, Jane, que você encarnou, de modo muito claro e com absoluta responsabilidade, os princípios e valores da REDE Sustentabilidade, buscando fazer no Instituto Brasília Ambiental - IBRAM uma gestão técnica, de composição, colaborativa, reconhecendo autorias e propondo soluções inovadoras e criativas, dignas, com foco em fazer entregas coerentes com o que a sociedade precisa do Estado e isso sem desprezar os elementos políticos da vida em sociedade e que precisam dialogar com a gestão pública - para que a partir dos esforços de todos os virtuosos que ali estão, a autarquia se aprimorasse como uma instituição virtuosa que se desenvolve, avança em maturidade e se coloca disponível para dar os passos necessários no atendimento às demandas da sociedade, cumprindo a sua missão. Parabéns, por isso. Sua capacidade de trabalho é incrível. Sua disciplina e entrega pela coisa pública são admiráveis. Sua persistência é de perder de vista.
Gratidão.
Vou ali, seguir outros caminhos brindando os novos desafios, torcendo para que as boas sementes que testemunhei serem semeadas frutifiquem e para que a existência e suas incongruências não nos tirem a disposição de continuar semeando a terra, como aquele outro semeador.
E viva la vida!
Vamos pra frente que pra trás não dá mais.

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