Há muito Marina Silva fala sobre "políticas de longo prazo para o curto prazo dos políticos". Tenho pensado muito acerca dessa chamada à reflexão e o que ela significa para mim quando olho, o papel do Estado, o seu funcionamento, a interação entre os poderes, as demandas da sociedade, a participação da sociedade.
Claro que hoje, quase três dentro de um pedaço da estrutura do Estado, este por sinal, que tem interação fortíssima e tensa com outras tantas partes desse mesmo Estado e com a sociedade, tenho outro olhar de período anterior. Entendo um pouco melhor as dinâmicas, percebo um pouco melhor alguns jogos, desespero-me um pouco mais com determinadas ações e incrivelmente, esse um pouco menos ou mais não necessariamente parte dos mesmos lugares de onde eu imaginava partir tempos atrás.
Algo guardo com muito seriedade: SEM POLÍTICAS DE LONGO PRAZO PARA O CURTO PRAZO DOS POLÍTICOS nunca sairemos do atoleiro social em que estamos e do estado de crise representativa a que chegamos.
Mas política de longo prazo não se faz sem enfrentar paradigmas, sem mergulhar seriamente em compromissos com o coletivo, sem colocar de lado os cálculos de amanhã, sem o risco da perda da popularidade, sem desagradar, sem posicionamento.
Há que ter firmeza. É um processo complexo e desanimador, quase sempre. Talvez por isso, grande parte dos bem intencionados parem longo no primeiro momento. E mesmo quem se lança nesse exercício, e ainda que sincero, cometerá erros e pesados, muitas vezes. Mas, mais me animam os erros na tentativa de construir o que tem perspectiva de permanecer, do que os ensurdecedores resultados do curto prazo que enchem olhos e não se sustentam à luz do meio dia.
O Estado precisa evoluir sim e muito. Precisa ser mais ágil, mais eficiente. Ele é muito caro para os resultados que dá. Entretanto, o que realmente nos falta - a quem no Estado serve, a quem na sociedade se desespera com o Estado lento, a quem legisla e cidadãos, estejamos onde estiver, é compreender que não se sustenta e não se consolida, aquilo construído na prospecção do curto prazo dos políticos.
Sim. Este é mais um parâmetro que usarei para medir os meus candidatos no próximo pleito eleitoral. Sem buscar perfeição, claro. Não chego a esse nível de tolice.
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