Pular para o conteúdo principal

A política será o que formos capazes de construir

Em toda construção da qual faço parte, procuro ter - como ponto de partida à minha caminhada - o que eu estou disposta a aprender fazer e a fazer e, não a expectativa da construção feita que me sirva.

Nos tempos atuais, de absoluta desilusão com a política, instituições e agentes públicos que as operam; a desmedida apatia de um lado e a reação sem reflexão do outro; a ausência de disposição para olhar a sociedade e refletir seus dilemas em conjunção com as suas complexidades, pergunto: QUE POLÍTICA, AFINAL, QUEREMOS?

Falamos de generosidade, fraternidade, novo tipo de ação, emancipação, processos coletivos e horizontais, colaboração; ações de longo prazo para o curto prazo dos agentes políticos; o serviço como motivação e muitos outros valiosos atributos. Especialmente por causa desse discurso, que reverbera para mim como um ideário, volto a uma das mais ricas ferramentas que temos à mão – o questionamento.
  • Quanto estamos dispostos, a começar de nós, a aproximar esse discurso de cada uma das nossas pequenas ações cotidianas no fazer político até que elas alcancem as grandes discussões conjunturais, o pensar estratégico de alianças e o estabelecimento da macro política nas unidades federativas e mesmo no plano nacional?
  • Quanto do nosso tempo, saberes e energia temos colocado a serviço de trabalhar novos modelos de pensar e a nos exercitar em práticas que quebrem o paradigma do velho e habitual fazer que embrutece a política e tão facilmente amedronta cidadãos, afastando-os da honra do assumir-se ser político?
  • Temos enfrentado a velha construção da intriga, do silenciamento das minorias, da manipulação servil – ainda que por meio de louváveis ações – que intercepta os processos de emancipação dos cidadãos e estabelece grupos de pequenos poderes e enfraquece o coletivo amplo?
  • Responsabilização é, para nós, um convite à colaboração ou sombra na qual nos escondemos esperando o outro, e o outro e mais um outro que não o nós, parte do todo que compomos?
Irresponsavelmente não pratico atividade física. Sempre que tento começar desisto sem muito labor, porque, obviamente, os meus maus hábitos me cansam rapidamente, me deixam dolorida e nisso, me torno muitíssimo diligente no esforço por justificar manter-me sedentária. Assim, cada vez que desisto, assumo automaticamente os riscos da vida sedentária e todas as suas possíveis limitações e anomalias. De igual modo, sempre que não imponho questionamentos aos sistemas políticos vigentes e não enfrento as construções políticas, que acaso insistem em se reproduzir na nova construção política acerca da qual discurso e que embalam o ideário partidário do qual sou parte, acabo validando a velha política e os seus viciados processos e procedimentos.

Tão breve se contamina todo processo cujos vícios dos seres que o constroem não são enfrentados. Nossa construção é nova, nós não. E somos viciados. 

Temos solução?
Provocar nova mentalidade que reverbere em novo fazer.

Estamos dispostos e disponíveis a isso?

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Bereshit → Rosh = Cabeça!

Bereshit é a primeira palavra da Bíblia. Moises não escreveu Gênesis - ele não conhecia esta palavra. Ele escreveu Bereshit. Gênesis foi a tradução dada pela septuaginta (tradução grega da Bíblia), de onde vieram os nomes dos livros do chamado Pentateuco. Os 5 livros de Moises são conhecidos em Hebraico como os 5 quintos ,ou seja 1 inteiro. Cada um dos livros sugere uma parte de um todo e Bereshit a primeira delas. O nome dos livros da Bíblia em Hebraico é o nome da primeira palavra, por isso o nome de Gênesis que significa No principio. A raiz da palavra Bereshit é palavra Rosh que significa Cabeça! A primeira palavra da Bíblia - No Cabeca marca o principio de Deus. Para o homem o principio é o coração, para Deus é a cabeça, e Cristo é o cabeça da nova criação, e nós temos a mente de Cristo! A primeira palavra da Bíblia já fala de Cristo, o cabeça! Col.1:17-18 revela que Paulo sabia de tudo isso. Ele é antes de todas as coisas, Nele tudo subsiste, Ele é a cabeça do corp...

Democracia e representatividade: por que a anistia aos partidos políticos é um retrocesso

Tramita a passos largos na Câmara dos Deputados, e só não foi provado hoje (2/maio) porque teve pedido de vistas, a PEC que prevê anistia aos partidos políticos por propaganda abusiva e irregularidades na distribuição do fundo eleitoral para mulheres e negros. E na ânsia pelo perdão do não cumprimento da lei, abraçam-se direita e esquerda, conservadores e progressistas. No Brasil, ainda que mulheres sejam mais que 52% da população, a sub-representação feminina na política institucional é a regra. São apenas 77 deputadas entre os 513 parlamentares (cerca de 15%). E no Senado, as mulheres ocupam apenas 13 das 81 cadeiras, correspondendo a 16% de representação. Levantamentos realizados pela Gênero e Número dão conta que apenas 12,6% das cadeiras nos executivos estaduais são ocupadas por mulheres. E nas assembleias legislativas e distrital esse percentual é de 16,4%. Quando avançamos para o recorte de raça, embora tenhamos percentual de eleitos um pouco mais elevado no nível federal, a ime...

Cultivando Cidadania

O triste é que quem toca a música das grandes marchas (essa, aquela e aquela outra) o fazem por nada mais que "agora eu quero a caneta do poder" e só. E vamos, saltitantes, todos marchantes a caminho do estádio para só mais um FLA x FLU de cartas marcadas pelo sangue dos corpos que caem nas favelas, especialmente do menino preto e, daquele índio, sem noves fora no balanço do campo; pelo suor que tempera no rosto e no coração do trabalhador, o desencanto; e vão, os nossos uivos  apressados, sem reflexão, abafando o grito de mais uma mulher que cai, e da outra menina que vai perder a inocência, vendida; e vamos, marchantes na ignorância que cega, rouba, decepa o empoderamento e degola o cidadão e o joga ao canto, ao chão. E a onda vai, vai e quebra nos muros da nossa disputa de verde e amarelo e vermelho e nada mais. Um jogo de um time só e a estrábica platéia vê dois, mas é só um. Só. Bandeiras de uma guerra que não existe. Punhos fechados. Gritos. Panelas....