Enquanto o Cristo dizia "eu vos envio como cordeiros para o meio dos lobos" e noutro momento orava ao Pai dizendo "não peço que os tires do mundo, mas que livres do mal," os pastores continuam insistindo no encastelamento, especialmente dos jovens, a pretexto de que não se misturem com o mundo. Tática velha, encardida e mal sucedida, quando tornar-se do mundo, na perspectiva e princípio do Reino que nos devia orientar, diz respeito aos valores, esses nem de longe combatidos ou sequer denunciados por esses mesmos tais pastores, antes fomentados, a saber: a intolerância, o consumo exagerado, a irresponsabilidade com o bem comum, o desprezo à natureza, as desigualdades, os preconceitos e coisas semelhantes a estas.
E apressadamente vamos, nas milhares de congregações espalhadas por todos os lugares, criando comunidades monstros de gente que não se responsabiliza pelo próximo e assim rasgamos o Evangelho.
Nossos lábios derretem em ódio.
Nossos pés tem pressa de violência.
Nossa mãos se enchem a não se conter e retém o que devia ser distribuído.
Nossa vestes, folhas banhadas de sangue, murcham e secam sob o sol do meio dia e as nossas vergonhas se expõem.
Em bravatas nos escondemos em nossa perdição e treva interior. Fingida luz, posto que artificial.
Acuados, desfigurados, irreconhecíveis nos temos feito.
Há um cordeiro que nos quer vestir cordeiros e nos enviar a viver no mundo, enfrentar o mundo, anunciar ao mundo - com a vida - outros valores, outros princípios: o respeito, a honra ao outro, o cuidado (a tudo e todos), a colaboração, a abundância, o perdão, a entrega da outra face, a vida comunitária, a abnegação, o serviço.
Tudo a partir do amor, porque o Reino que nos é oferecido não é de príncipes, mas de servos.
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