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Arrogância vs Diálogo

Tenho recebido, de vários amigos, dezenas, literalmente, de convites para participar de atos #ForaTemer e afins.
Esse cara não me representa e, quer saber, participaria de todos os atos, se fosse possível.
PARTICIPARIA, do verbo, vou avaliar muito bem se devo participar.
Sabe o que é?

Há algo de arrogante no reino da "democracia" de conveniências. A mesma arrogância dos eventos #FicaDilma, #NãoVaiTerGolpe, e blá, blá, blá ... ARROGÂNCIA.

  • É arrogância não admitir erros;
  • É arrogância não repensar posturas;
  • É arrogância não assumir que fez tretas cabulosas, algumas cujas consequências são irreversíveis, outras, de preços pesadíssimos mas ainda passíveis de conserto;
  • É arrogância não declarar que precisaria reaprender a arte do diálogo.
Diálogo. Diálogo.

Que começa com escuta, detida, concentrada, atenda,

Não estou falando de dialogar com os porcos que ocupam as Casas Legislativas não. Tão pouco com os movimentos sociais viciados no aparelhamento estatal ou sindicatos do corporativismo cego.
Diálogo se faz é com as vozes das ruas.
  • Desses que gritam os desesperos das dores da própria ignorância, que nem lembram da palavra cidadania, pois jamais foram capazes de entender o seu significado, tão distantes sempre estiveram do que a gramática consagra no papel, mas não consegue exprimir na existência;
  • Desses que se esfolam para fazerem compreender a possibilidade de não serem obrigados a assumirem um lado em que um é o bem por si e só e outro o mal e só;
  • Desses que sim, só agora, TALVEZ, estejam sofrendo um leve despertamento para a coletividade;
  • Desses que choram e sangram e rasgam a alma para acreditar que da lama que corre e escorre - nas vielas, no Congresso, nas calçadas das grandes cidades, nos morros abaixo, nas florestas e rios adentro, no submundo da nossa inconsistência de ações cotidianas, nos ralos e esgotos da nossa hipocrisia, finde uma lição a se eternizar: É PRECISO NÃO MAIS TERCEIRIZAR A CIDADANIA.
#NaBoa#nãovou me apresentar para movimentos em que não esteja explícita a disposição ao diálogo; não vou me somar a quem somente grita, como se fôssemos todos ainda bois andando sob toadas.

Levanto muitas as bandeiras. Muitas.
Da democracia, dos direitos, da liberdade, do resgate das instituições, das juventudes, das mulheres, das questões de gênero, da terra e do seu uso adequado, dos indígenas, dos quilombolas, das crianças, do trabalho, da reforma agrária, do Estado laico, do respeito a todas as religiões, da saúde e educação públicas e de qualidade, e tantas, tantas, tantas outras. Mas, tenho disposição para isso, apenas ENVOLTA NA SUPREMA BANDEIRA DO EXERCÍCIO DO DIÁLOGO em que o protagonismo é das vozes e suas expressões, não do megafone e sua potência "convocatória".


Diálogo, do grego διάλογος, diálogos.

"...conversação entre duas ou mais pessoas, costuma-se dizer erroneamente que significa "dois", no entanto significa "passagem, movimento", assim, dialogo significa a troca de intervenientes, que podem ser dois ou mais. Embora se desenvolva a partir de pontos de vista diferentes, o verdadeiro diálogo supõe um clima de boa vontade e compreensão recíproca."


Enquanto não conseguir identificar essa que é questão de primeira necessidade, vou ficando na minha pequenez, dialogando em pequeninos grupos, tentando aprender, e andar na tocada possível às minhas pequenas pernas porque de arrogância, já tenho toda a minha medida pessoal, suficiente para me desgraçar por inteiro.

"A arrogância precede a ruína; e a altivez do espírito, a queda".
Provérbios 16.18

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