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Brasília que Queremos?

Acho que avaliar o governo, seja qual for, não pode ser um recorte. É um contexto amplo e com elementos muito diversos.

Alguns desses tantos elementos que precisam ser considerados:
  • O país.
  • A condição local do Estado e o seu histórico.
  • As medidas de eficácia de médio e longo prazo.

Somente esses três, TALVEZ, sejam base para AINDA darmos crédito ao governo em voga. No caso, a nós também, porque em certa medida não dar para falar eles lá e nós cá. Não sempre.

Tem coisas complicadas de lidar? 

Certamente muitas.
Talvez a principal esteja nas forças outras que o compõem. Conservadoras, de mentalidade pouco republicana. E, talvez devamos nos perguntar: é exclusividade deste ou mais um continuísmo espúrio já absorvido pela cultura política local, tolerado e até certa medida fomentado por nós, sociedade?

Há ainda elementos extra Executivo que impactam muito fortemente na gestão da cidade. Um deles, CLDF.

A composição é muito ruim. São raras as exceções. Não há espírito republicano regendo as ações. Não há compromisso com a cidade, senão os compromissos de interesses econômicos pessoais e de pequenos grupos ou projetos eleitorais por si só. Estou passando a régua pelo geral. Claro.

É uma estrutura acostumada a trabalhar vendida ao Executivo por favorecimentos nada descentes às bases eleitorais ou, empenhada em emperrar qualquer que seja o Governo quando a desagrada. Ou seja, quando o que está sendo proposto fere interesses de grupos econômicos há muito donos do Estado ou o sindicalismo viciado, aparelhado,  o corporativismo cego.

Um ciclo de mais do mesmo em que as poucas andorinhas pouco conseguem de efetivo fazer.

Talvez, uma pergunta muito importante que precisamos seriamente fazer, sendo um jargão que quase TODOS nós já usamos seja:

QUAL É A CIDADE QUE QUEREMOS?

Nós sabemos mesmo?

Saber que cidade queremos nos ajudará a olhar, de modo mais completo, o que esse governo está fazendo que tenha relação com isso.

Ajudará, inclusive, a reconhecermos as ações de pequeno prazo e no que elas estão emperrando. As de médio e longo prazo que nos exigirão sustentá-las. 

Sim, amigos, se não houver forte sustentabilidade política, nada que seja republicano fica de pé nessa cidade. Nada.

Por fim, saber responder qual a cidade que queremos nos ajudará a pensar a CLDF para contribuirmos mais eficientemente a empurrá-la no norte da sustentabilidade e que alie-se ao Governo quando isso estiver sendo promovido e o empurre nesse sentido quando não for o caso, denunciando seu descompromisso com o que foi "vendido" à sociedade.

Isso cabe sempre e não somente agora.

De resto.
Do alto do meu pouco conhecimento, SÓ posso dizer que olhares fatiados nos levarão a análises fatiadas, portanto, muito comprometidas com insatisfações bem pessoais, e especialmente a sermos regidos por sensações.

Aí complica, né?
Até mesmo as ações da REDE no Executivo e no Legislativo ficam inócuas, vistas apenas de um ponto. 

Eu tenho forte disposição a me juntar a um pensamento que foi compartilhado tempos atrás, quando diz que a maior contribuição que a REDE pode fazer no contexto político atual é tornar-se força mobilizadora da sociedade.

Minha pergunta seguinte é: como?
Minha inocente primeira resposta?
  • Se está no Governo: trabalhar para que a sustentabilidade seja eixo central das decisões, como o André Lima, Secretário do Meio Ambiente, muito repete. Isso é bastante pesado, complexo, desafiador. Exige muito comprometimento, apoio, inteligência política e os seus resultados NÃO serão imediatos;
  • Se está na CLDF: mandatos compartilhados, efetivamente, a serviço de educação política da sociedade. Vetores potentes para disseminação dos princípios e valores da sustentabilidade. Entregues a fazer a sociedade pensar sobre isso e a comprometer-se com isso. Exige MUITO comprometimento com o sonho coletivo, abnegação, disposição para romper hábitos e cultivar novos. Inovação. Experimentação;
  • Se está na SOCIEDADE:  organicidade, militância comprometida com a sustentabilidade - em descobri-la, experimentá-la, disseminá-la. Exercício de autoria em feitos. Envolvimento com os tais núcleos vivos da sociedade, participação efetiva na construção do cotidiano desse movimento político que se propõe inovador. Paciência. Perseverança. Mente aberta para o novo, considerando que não nasce do nada.
O caminho mais difícil?
É a única certeza que tenho.

Utópico? 
Já dizia Galeano: "A utopia está lá no horizonte. Me aproximo dois passos, ela se afasta dois passos. Caminho dez passos e o horizonte corre dez passos. Por mais que eu caminhe, jamais alcançarei. Para que serve a utopia? Serve para isso: para que eu não deixe de caminhar."

E para hoje, agora? 
Ainda penso que está muito significativamente nas nossas mãos.

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