Heliana Kátia Tavares Campos (*)
Jane Maria Vilas Boas (**)
O mundo dá voltas e muitas vezes o que é apreciado e valorizado em uma determinada época, pode se tornar atrasado e obsoleto em outra. O uso de produtos descartáveis vistos como facilitadores da vida moderna pode ser considerado hoje um dos vilões da poluição ambiental.
A aquisição de bens e produtos em quantidade, que já foi uma qualidade, hoje passa a ser questionada por diversos segmentos sociais e culturais.
O consumo desenfreado passou a ser visto como causador de diferentes impactos ambientais e sociais pela Agenda 21 Global, assinada no Rio 92 e é preocupação que se faz presente nas agendas de sustentabilidade desde então.
Buscou-se a partir daí promover a conscientização para o Consumo Sustentável que não só significa consumir menos, como também buscar informações sobre a origem do produto, bem como sobre o modelo produtivo utilizado. Consumir com mais critério, implica em acondicionar de forma mais racional o produto consumido. Quem não fica tentado a embalar de forma sofisticada um presente? Quem se preocupa sobre a origem do produto, se fabricados utilizando-se menos recursos naturais? Como saber se o produto foi fabricado com emprego decente de mão de obra ou se é possível sua reutilização ou reciclagem e ainda se a tecnologia usa energias renováveis, faz reuso de água e tem baixa emissão de carbono?
A tentação de se comprar aquilo que não é realmente necessário, frequenta nossos desejos. O uso estendido de um determinado produto é atribuído aos considerados “pão duro” ou “mão fechada” imputação dada em geral aos mineiros. Mas são esses que se salvam da armadilha da obsolescência programada, descoberta da indústria para diminuir a vida útil de produtos.
Sabemos que as mudanças comportamentais não são simples necessitam o amadurecimento e a adoção de valores novos.
A preocupação com o esgotamento dos recursos naturais, a poluição das cidades, e porque não dizer do planeta, o desperdício em contra partida a tanta carência e necessidade tem feito que grande número de pessoas se preocupe com o consumo sustentável.
A atual crise no abastecimento de água pode ser uma grande oportunidade de mudarmos nossos hábitos na utilização racional deste precioso recurso.
O mesmo vale para o consumo de energia, de combustíveis, de veículos para pequenos deslocamentos que poderiam ser feitos a pé, de bicicleta ou outro meio de transporte.
No caso da gestão dos resíduos a prioridade da Política Nacional de Resíduos Sólidos é a não geração. É evitar o consumo supérfluo, o desperdício. Grande parte do que hoje tem sido descartado pela população poderia não ter sido gerado, ter sido reutilizado, reaproveitado ou reciclado. Nesse sentido é importante a cada momento refletir sobre o consumo, buscando fazê-lo de forma racional. Fazendo-o com critério, torna-se importante reutilizar reciclar e separar o restante para apresentar à coleta seletiva e ainda manter as cidades limpas e bem cuidadas, economizando recursos aplicados na limpeza urbana.
É tempo de mudança de padrão de consumo, de valorizar o ser em detrimento do ter e habitar em uma cidade harmoniosa, limpa e sustentável.
Já desde pequeninas as crianças devem ser educadas para o consumo cidadão, consciente e responsável, para que possamos fortalecer as mudanças que tanto almejamos para nós mesmos, para a nossa sociedade e para o nosso planeta.
(*) Diretora Geral do SLU
(**) Presidente do IBRAM
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