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Como é a vida de quem passa o mês com R$ 154 no Distrito Federal

A realidade nua e crua.


E ali a nossa malfadada forma de organizar o mundo dói muito mais.



E ali, naqueles esgotos, como os dejetos que por eles escorrem, também escorrem a céu aberto, mas como se ninguém visse, sonhos, esperança, vidas ... a infância.



E ali, não tão longe de nós, estão os nossos irmãos, filhos da mesma terra, de quem porém não nos lembramos, sequer percebemos, até que o solapo da violência que lhes impomos vem na mesma proporção e força sobre nós. Aí, finalmente os avistamos e concluímos: eis a desgraça das nossas boas vidas, os miseráveis de bolso, sem nos percebermos, claro, miseráveis de almas, espíritos acorrentados à cretinice do individualismo como religião libertadora dos mortais e, trancafiados na masmorra da boçalidade da ganância, minguamos nós.

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Como é a vida de quem passa o mês com R$ 154 no Distrito Federal

Estudo mostra que habitações precárias, dependência infantil e defasagem educacional são os maiores problemas enfrentados pela população carente do DF

http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/cidades/2015/09/11/interna_cidadesdf,498156/como-e-a-vida-de-quem-passa-o-mes-com-r-154-no-distrito-federal.shtml

Morar em casas precárias e parar de trabalhar para cuidar dos filhos são consequências diretas para quem vive na extrema pobreza no Distrito Federal. Segundo o Índice Multidimensional da Pobreza, divulgado ontem pela Companhia de Planejamento do DF (Codeplan), mesmo com a ajuda do governo, essa fatia, a mais carente da população, tem dificuldade para estudar e necessita de programas de moradia e de creches. O estudo analisou 117 mil núcleos familiares em Brasília e nas regiões administrativas.

A pesquisa ouviu apenas quem faz parte de algum programa social do governo e tem o Cadastro Único. Foram levados em conta 31 quesitos, envolvendo aspectos de moradia, educação, renda, estrutura familiar, inserção no mercado de trabalho e acesso a esgoto e a energia elétrica. De acordo com o chefe da Diretoria de Estudos e Políticas Sociais (Dipos/Codeplan), Flávio de Oliveira,“as famílias analisadas são as mais pobres entre as mais pobres”. As mais desabonadas, cerca de 5 mil pessoas, vivem na Estrutural, em Ceilândia, no Fercal, em Samambaia e em Taguatinga, e passam o mês com até R$ 154 — a maior parte dos rendimentos repassados por programas sociais do governo, entre os quais o Bolsa Família, a Carteira do Idoso e a Tarifa Social de Energia Elétrica.


O problema mais gritante são as péssimas condições de moradia, que atingem 5 mil pessoas. Nem todos têm casas de cimento ou pavimentadas. Alguns, nem sequer endereço. “A solução seria criar programas voltados para a melhoria dessas residências”, sugere Oliveira. Faltam abastecimento de água, escoamento sanitário, coleta de lixo e energia elétrica. As residências que contam com esse sistema apresentam condições precárias. A situação se repete em Planaltina, São Sebastião, Taguatinga, Gama e Brasília — Plano Piloto.

As dificuldades de moradia fazem parte do cotidiano de Janecleide da Silva, 36 anos. “Aqui a água é de um poço e vem cheia de barro. E temos que usá-la para tomar banho, lavar as roupas, as louças. Energia é de gambiarra”, conta a dona de casa, que mora na Chácara Santa Luzia, na Estrutural, com o marido e sete filhos, entre 1 e 13 anos. Para ela, o problema habitacional leva a diversos outros riscos. “As paredes de madeira vivem mofadas e o cheiro forte piora a asma e a bronquite das minhas meninas menores. E, quando está seco, tem o perigo de incêndio.”, desabafa. Para ela, as condições afetam também a saúde dos moradores. “Como não tem esgoto e as crianças brincam na rua, vivem doentes, com lombriga”, completa Janecleide, que recebe em torno de R$ 340 do Bolsa Família para complementar a renda.

O vizinho dela, Martinho Moreira da Silva, 33, também acredita que as crianças são as mais afetadas. “Com uma moradia melhor, eles poderiam brincar melhor, teriam menos problema de saúde”, pondera o fiscal de acesso, que mora com a mulher, Sueli Araújo, e quatro filhos. “Se tivéssemos pelo menos uma terra assegurada, dava para, devagarzinho, comprar material e fazer uma casinha de tijolo”, completa, referindo-se à irregularidade das moradias na região da Estrutural.

Infância
Outra questão que dificulta a vida da população mais pobre do DF é a dependência infantil — quando um adulto é impossibilitado de trabalhar para cuidar de crianças pequenas. Assim, nem todos os chefes de família têm condições de arrumar emprego e complementar a renda. “Metade dos entrevistados não dispõe de ajuda para criar os filhos. Por isso, eles perdem a possibilidade de fazer dinheiro”, afirma Flávio de Oliveira.

A situação é vista, tanto na casa de Janecleide, quanto na de Martinho. Na primeira, a dona de casa tem de passar o dia em casa para cuidar dos filhos, enquanto o marido trabalha no aterro sanitário. “Não temos parentes aqui, então não tem com quem deixar os meninos.” O mesmo caso ocorre com Martinho, que sai para trabalhar e deixa a esposa em casa. “Minha mulher não tem como trabalhar, pois as crianças são muito pequenas. O mais novo tem apenas 18 dias.”

Enquanto muitos adultos são impossibilitados de trabalhar, jovens em idade escolar têm dificuldade para completar os estudos, principalmente no ensino médio. Quando completam 15 anos, a maioria se vê pressionada a ingressar no mercado de trabalho para, assim, tentar aliviar a situação financeira de casa. “Eles são inseridos muito cedo na vida adulta, o que retarda os estudos. Assim, nem todo mundo se forma ou se qualifica corretamente. No momento e na realidade em que eles vivem, a prioridade é imediata”, completou Oliveira. A defasagem educacional se torna um problema maior no longo prazo, pois, com menor qualificação, a chance de empregos com boa remuneração se torna bem menor.

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