Ah, esse nosso louco desejo por controle...
Gastamos nossos dias num esforço sobre-humano por provar sermos capazes de controlar tudo ao nosso redor, tudo o que nos diz respeito e se possível, até o que não nos diz - diretamente - respeito. Mas, do alto de milhares e milhares de metros, no meio de uma turbulência em um voo, talvez seja uma das mais gritantes amostras de que esse tal controle não é compatível com as nossas capacidades. Inexiste, assim, para nós.
Quem somos, afinal?
O que de fato podemos fazer sobre os elementos que nos rodeiam e as forças do sistema em que estamos inseridos e do qual sequer temos noção de tamanho? Sabemos da sua imensidão, e talvez por isso, no desespero da nossa incapacidade de medi-lo, impor-lhe regras e estabelecer-lhe controle, tentemos nos colocar no seu centro e defini-lo a partir de nós, nossos desejos, sonhos, necessidades, ambições, problemas, medos. E aí, se não temos controle, resta-nos "aproveitar" a visão estonteante das nuvens lá fora, como gigantescas bolas de algodão que nos convidam a andar, leves e saltitantes, livres, sobre elas, ou nos torcemos de pavor, com aquele frio incontrolável na barriga - que vezes se transforma em dor, que atrapalha os pensamentos, embaralhando-os, descontrolando-os e inspira desesperadoras preces e como única coisa positiva, traz a certeza da nossa insignificância, mesmo sobre aquilo que dizemos "fomos nós que desenvolvemos".
Essa certeza, então, nos cobra a necessidade, uma vez em terra firme, de nos desafiarmos a sermos melhores - busca possível somente em sequência a um profundo processo de descoberta pessoal, quando nos desnudando diante de nós mesmos e colocamos de lado as máscaras que já nem sabíamos usá-las.
É preciso coragem porque a nossa sanha por controle envolve o externo que foge a nós, exatamente o controle único que deveríamos buscar.
É preciso coragem porque a nossa sanha por controle envolve o externo que foge a nós, exatamente o controle único que deveríamos buscar.
Sim, é preciso disposição para mergulharmos em nós, em busca de descobertas para que enfim posamos, donos de nós mesmos (sabedores sem culpa, mas em busca de superação), finalmente, contribuir para tornar a fração por nós ocupada - no nosso breve tempo de existência, um lugar minimamente decente, na esperança de que a nossa interferência não roube os que virão depois de nós, a possibilidade das descobertas.
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