Desde 06 de novembro de 2007 tenho um vínculo,
para mim muito significativo, com a cidade Estrutural e estou por lá
quase toda semana. Hoje (ontem) tinha um encontro com um grupo de jovens
pra um bate-papo sobre ação cristã na sociedade.
Bom, diversos pequenos problemas aconteceram e a reunião não rolou. Aliás, não rolou pela segunda vez. Mas, há duas coisas importantes. Uma, sei muito bem que o campo no qual estou me metendo é extremamente árduo. Duas, não posso dar viagem perdida.
Primeira parada, na companhia da amiga Eliz Santos? Explorar o Centro de Juventude!
Uau! Lugar bacana. Bem cuidado. Uma sala grande, três outras menores (informática, audiovisual - equipadas, e uma não identificada).
E, ai, moço, pergunto ao guarda, como são as atividades aqui?
Não tem. Nunca houve.
Revolta.
Do lado de fora, uma praça, naquele momento frequentada por aproximadamente uns 30 jovens espalhados em pequenos grupos - a maioria consumindo drogas.
Vou embora? Não posso. Então, Eliz, vamos trocar ideias com a molecada e tentar descobrir o que eles gostariam de ter no Centro da Juventude.
Primeiro grupo: três garotas, 18, 16 e 13 anos. Acham que seria legal dança e teatro.
Fomos à outra praça e antes de chegar lá, não poderia deixar de observar o posto policial sem um único policial, na escuridão.
Na praça, a primeira conversa foi com um desolado conterrâneo, maranhense, 30 dias de Distrito Federal e uma decisão: "vou voltar pra minha Codó, lá a gente brincava, aqui o povo só pensa em dinheiro."
Depois de uma pequena prosa, na tentativa de animá-lo, fomos trocar ideia com o Jonas, 18 anos e Marcos, 15 anos.
Conversa boa. Falamos sobre a eleição, já que um trabalha pra um candidato, mas não sabe em quem votar e o outro, diz que a família toda vota em um candidato que "asfaltou a estrutural". Isso foi gancho pra uma boa conversa sobre responsabilidades e direitos, do Estado e do cidadão. Penso que ficou uma semente reflexão.
E o que vocês acham que deveria haver aqui pra juventude?
Lazer.
Nessa praça, a mesma cena: três grupos de jovens consumindo drogas. A fumaça estava tensa!
E ficou combinado assim: eles, Jonas e Marcos, juntarão na praça na próxima semana, o maior número possível de amigos pra trocarmos ideia e buscarmos o consenso de pelo menos uma atividade a fazermos na Praça ou no Centro de Juventude.
É tempo de ocuparmos a cidade.
Fico aqui com os meus botões: qual terá sido o custo de construção do Centro de Juventude da Estrutural? Cheio de belas propagandas, lá dentro, e completamente inativo. E lá fora? O retrato da ineficiência do Estado em prover políticas públicas pra juventude e o carimbo da nossa obscura construção social um ajuntamento de pessoas que já não sabem brincar.
O melhor que poderia acontecer na noite de quinta-feira, aconteceu. Minha reunião não deu certo e eu pude ir pra Praça conversar com as pessoas. A torcida é que consigamos, de fato, criar um vínculo com aqueles jovens estimulá-los a se apropriarem dos espaços públicos que pertencem a eles e que sejamos capazes de assumir uma postura mais determinada, exigindo que o poder público dê finalidade ao Centro de Juventude da Estrutural, pois é inadmissível a sua inatividade.
#OcupeACidade
Curta: Nós.Sociedade.
Comentários
Postar um comentário