Quero sentar no chão, na lama, no pó que sou e para onde voltarei num dia qualquer desconhecido, e perceber a minha insignificância.
E no chão quero cavar profundas valas para o alicerce daqueles valores que não se subvertem sob a pressão do tempo, que desqualificam a retórica e preenchem a alma de significado em solidariedade e generosidade por ações a extrapolar os limites da compreensão humana.
Da lama e do pó, em uma mistura inusitada, quero me tornar material na mão do escultor da vida, a fim de que Ele transforme a minha essência frágil e sem sentido e me molde conforme o seu propósito à fração de humanidade a qual devo servir.
Do chão quero emergir, sem dele me desligar, para ter o próximo sempre igual a mim, numa percepção clara e suficiente a me provar, todo dia e em todo o tempo: é no próximo que eu melhor posso me enxergar, e é essa conjunção e relação que faz o dia se renovar.
E assim, do chão, na lama e no pó, sob a cobertura do céu anil, manifesta nas nuvens distantes, na imensa escuridão da noite, ou nos mais ínfimos detalhes da vida, quero me submeter ao único capaz de dar significado ao pó, modelando a minha existência para que em algum momento dessa breve passagem ou no além, eu saiba: o sopro agiu em mim e vivi um quê da essência dEle, o amor.
"Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez."
(João, capítulo 1 verso 3)
"Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez."
(João, capítulo 1 verso 3)
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